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Decepcionada com a fumicultura, família de Irati tentou produzir pêssego, mas teve prejuízo por causa de uma geada tardia. Agora, tenta encontar outras alternativas, como a produção de uva, que aparece com fartura num parreiral improvisado, e a de mamona e girassol, fontes de biocombustíveis. O problema é a indefinição e a falta de recurso para investimento.

Todo pequeno produtor rural passa pela situação da família Demski, que sobrevive da renda de 19 hectares de terra em Gonçalves Júnior, localidade de Irati (Centro-Sul). A pressão sangüínea alta e as dores nas costas já não deixam Ângela, de 54 anos, trabalhar como antigamente. Seus dois filhos – Márcio, 26, e Marciel, 17 – estão convictos de que receber salário fixo acima de R$ 500 é melhor do que trabalhar na roça. A crise na produção de culturas tradicionais parece não ter saída, até que se abre a janela da casa antiga de madeira. Uma videira encobre a varanda com cachos de uva branca, naturalmente saborosas.

As frutas apareceram como alternativa à fumicultura. Mesmo quem planta 50 mil pés de fumo tem renda baixa, conta Márcio. "Ganhava mais trabalhando por um salário mínimo e meio como empregado numa granja de suínos. Hoje fico sem dinheiro até para a gasolina." Primeiro foram plantados 200 pés de pêssego, mas a colheita foi frustrante. Os pessegueiros renderam menos que o esperado por causa de uma geada tardia. A uva, que tinha sido deixada de lado, agora apresenta boas perspectivas.

A família não sabe nem mesmo que tipo de uva plantou, mas espera que um parreiral montado num canto da propriedade, que tem 800 videiras e começou a frutificar no ano passado, renda até 6 toneladas de cachos brancos e rosados. O problema tem sido encontrar distribuidores interessados no produto. Enquanto eles não aparecem, a uva é vendida aos poucos, a R$ 1 o quilo, apesar de a fruta chegar a supermercados de cidades como Curitiba custando cerca de R$ 3,50. O parreiral é cercado de mata e a terra não recebeu agrotóxicos nos últimos anos, segundo os Demski. Eles garantem que a produção é orgânica, o que pode ampliar sua renda.

Márcio e Marciel dizem que pretendem permanecer na propriedade, desde que consigam torná-la lucrativa. Eles enfrentam o problema da falta de dinheiro para investir na uva por causa do prejuízo com o pêssego. Estão atentos também aos incentivos à produção de mamona e girassol, fontes de biocombustíveis.

Segundo a coordenadora do curso Jovem Agricultor Aprendiz em Gonçalves Júnior, Iranice Bankersen, a situação dos Demski é a mesma enfrentada pela maior parte dos produtores da região. "Os agricultores em crise precisam buscar outras alternativas. É necessário manter a cabeça aberta e não atirar no escuro. A primeira lição vem da história de vida dos pais", afirma.

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