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Os moinhos brasileiros se antecipam à colheita de trigo ampliando as importações. Ao encherem os depósitos, aumentam seu poder de barganha na hora da compra da produção anual interna. A estratégia se repete neste ano e já aparece nas estatísticas oficiais.

Em julho, as indústrias do país trouxeram 27% mais trigo do que no mês anterior. Os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) revelam que o volume importado totalizou 537,6 mil toneladas no mês passado, contra 311,3 mil toneladas compradas em junho. Mesmo com custo de transporte, o produto estrangeiro estaria saindo mais barato.

Estudo da Safras e Mercado mostra que atualmente uma indústria paulista economiza R$ 30 por tonelada para trazer trigo da Argentina – o valor do produto na capital paulista está em R$ 576 por tonelada. Para conseguir bater esse preço, um produtor do Paraná teria que vender a produção a R$ 462 por tonelada de trigo, mas hoje o preço é R$ 480/t.

A insuficiência do Brasil em suprir o consumo doméstico estaria estimulando agricultores de países vizinhos a apostar suas fichas na cultura, em regiões que alcançam facilmente 4 mil quilos por hectare. Além da Argentina, Uruguai e Paraguai também têm abocanhado parte das compras brasileiras. No mês passado, as duas nações sul-americanas embarcaram 37,3 mil toneladas ao Brasil, 46% mais do que em junho. No Uruguai, o quadro incentiva expansão das lavouras e o trigo se tornou o principal estímulo no inverno. Ocupa 540 mil de um total de 655 mil hectares cultivados na estação. As projeções são de que essa área cresça um terço na próxima safra.

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