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A discussão levantada pelo Ciclo de Palestras que a Gazeta do Povo realizou na Expoingá no último sábado revela que o setor agropecuário pode am­­pliar sua renda no estado sem ir muito longe. A certeza dos pesquisadores de que a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) dá certo é tanta que as explanações técnicas ganham tom de desabafo. Nas apresentações, sobram números que mostram o quanto a ILPF melhora o perfil do solo, como a concentração de bovinos por hectare pode ser multiplicada e, de quebra, os surpreendentes avanços em produtividade de grãos.

A conclusão unânime, porém, não é suficiente para que o sistema de integração, com produção intensiva durante os 24 meses do ano, se difunda no Paraná. Uma série de barreiras separa teoria e prática. O problema, conforme o próprio setor, é que falta consciência e conhecimento entre os produtores e inclusive os agrônomos. A rede de assistência técnica não está preparada para identificar as propriedades com potencial para a agricultura de alta performance nem para implantar o sistema de integração.

São esses técnicos que desenvolvem os projetos que os produtores apresentam aos bancos em busca de financiamentos. Quando essa primeira barreira é vencida, corre-se o risco ainda de os poucos projetos elaborados não terem aprovação. As instituições financeiras dizem que precisam de números confiáveis que demonstrem a viabilidade da integração. É necessário comprovar também que o produtor pode pagar pelo financiamento. O fato é que boa parte dos R$ 2 bilhões disponibilizados pelo governo federal no último ano para investimento em agricultura de baixo carbono – que podem ser acessados para conversão de áreas tradicionais ao sistema de ILPF – não foi acessada.

O próximo Plano Agrícola e Pecuário (PAP), a ser divulgado nas próximas semanas, deve manter esse volume de investimento e os juros de 5,5% ao ano para a agricultura de baixa emissão de carbono. A saída para os produtores rurais e cooperativas é fazer a lição de casa e aumentar a cobrança sobre os bancos, para que os recursos públicos sejam efetivamente aplicados. Não faltam razões para deslanchar a produção intensiva. Com produtores fortalecidos, as cooperativas e empresas do setor também ampliam sua renda, favorecendo por tabela a economia.

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