A nova ministra da Agricultura, senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), afirmou que "nem Jesus Cristo agradou todo mundo" e disse que não ficou ofendida com as críticas de integrantes do PT à indicação dela para a pasta. "Nós vivemos numa democracia, nem Jesus Cristo agradou todo mundo. E eu também não pretendo. Estou acostumada com democracia e as críticas, e sou tolerante a todas elas", declarou na chegada ao Congresso Nacional para a posse da presidente Dilma Rousseff nesta quinta-feira (01). A solenidade oficial de troca no comando no ministério ocorre nesta segunda-feira (05) em Brasília.
Kátia Abreu também minimizou as vaias que recebeu quando o cerimonial do Palácio do Planalto a anunciou como nova integrante do primeiro escalão do governo. Questionada pela imprensa se as vaias a incomodaram, ela respondeu: "Eu nem ouvi, eu nem ouvi. Faz parte da democracia, toda unanimidade é burra, isso é normal."
A nova ministra destacou que sua atuação no comando da pasta será marcada pelo diálogo, afirmou que ouvirá todos os setores e permitirá a participação da iniciativa privada. "Eu sempre digo que se o ministério não atrapalhar, o agronegócio vai bem, obrigada. Tenho que me esforçar para que o ministério não atrapalhe. Temos que facilitar a vida do produtor e não criar dificuldade".
Ela ressaltou que dará "atenção total" aos produtores rurais, para que saiam da subsistência e possam ir ao mercado. "Se temos hoje 5 milhões de produtores rurais, apenas 750 mil estão na classe media rural brasileira. O foco do ministério é aumentar a grande classe media rural, buscando produtores das classes D e E", disse.
Outro ponto destacado pela senadora é relacionado a questão do crédito. Os cortes orçamentários que estão sendo relacionados pelo governo também devem atingir a pasta da Agricultura, influenciando a oferta de crédito. “O agronegócio responde aos anseios do Ministério da Fazenda. Costumo dizer que salgar a carne podre é sempre um desperdício. O agronegócio é carne boa, carne verde, que dá para salgar, porque ajuda a economia do país”, argumentou.
Decisão pessoalA senadora Ana Rita (PT-ES) afirmou na manhã desta quinta-feira (01) que a escolha de Kátia Abreu para chefiar o Ministério da Agricultura foi uma decisão pessoal da presidente reeleita, não do PT. Militante dos direitos humanos, Ana Rita foi questionada sobre críticas de setores do PT à escolha de Kátia Abreu para o ministério. Alegam que Abreu, presidente da maior entidade ruralista do País, é defensora dos grandes produtores rurais e contrária a bandeiras históricas do partido, como a reforma agrária. "Não questiono a indicação pessoal da presidenta Dilma. Acredito que a indicação da Kátia Abreu é da cota pessoal dela", afirmou a senadora petista.