O governo federal promove hoje o primeiro de uma série de leilões que vai oferecer subsídio para o escoamento de 56% da safra paranaense de trigo. No estado, serão ofertados via Prêmio de Escoamento de Produção (PEP) dois lotes de 80 mil toneladas. O primeiro segue o esquema tradicional, subsidiando a venda do cereal para as regiões Norte e Nordeste do país, enquanto o segundo lote tem como destino os demais estados da federação, incluindo o próprio Paraná. Podem participar do leilão indústrias moageiras e cerealistas que paguem aos agricultores o preço mínimo estipulado pelo governo, de R$ 411 para do trigo brando tipo 2 (pH 75).Produtores e indústrias, entretanto, não mostraram muito otimismo para a primeira rodada de negociação. "Não estamos percebendo movimentação da indústria para o mercado do Centro-Sul. O interesse maior ainda é para o lote direcionado às regiões Norte, Nordeste e outros destinos", diz Flávio Turra, gerente técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar). Para ele, o trigo tipo 3, de qualidade inferior, tem pouca procura no mercado interno brasileiro e, com o incentivo do governo, tem melhores chances de comercialização fora do país. Na avaliação de Turra, boa parte dos empresários vai preferir primeiro acompanhar os negócios para depois participar diretamente. "Eles vão ser cautelosos, não vão se precipitar e investir tudo na primeira leva", justifica.
No outro lado, o diretor da corretora de produtos agrícolas Safrasul, José Gilmar Carvalho de Oliveira, se mostrou bastante otimista com o leilão, especialmente em função dos prêmios, mas confirmou a predileção para os direcionados para o Nordeste. "O prêmio de R$ 190 por tonelada para os destinos mais distantes vai dar uma sacudida no mercado. Era isso que o Paraná estava precisando para rodar a produção. Mesmo o prêmio de R$ 94, voltado para o mercado interno, ainda é uma boa medida para movimentar todo esse trigo", diz.
Novas regras
O primeiro leilão de trigo desta safra causou dúvidas em relação ao escoamento dentro do próprio estado produtor. O texto do edital não deixava claro se o cereal arrematado por um moinho paranaense poderá ser processado e vendido como farinha dentro do próprio estado. Esta possibilidade, no entanto, está aberta apenas para indústrias moageiras comerciantes só terão direito ao benefício se comprovarem a venda para estados diferentes.
A intenção do governo é realizar oito leilões semanais em 2009 e quatro em 2010, apoiando a comercialização de 1,5 milhão de toneladas de trigo no estado e de 3,6 milhões no país. Além do Paraná, serão contemplados os estados de SP, MG, MS, GO e o DF.
A medida foi tomada porque a comercialização do cereal neste ano ainda está muito atrasada. O Paraná, maior produtor, ainda tem um estoque de cerca de 200 mil toneladas de trigo da safra passada, calcula Eugênio Stefanelo, técnico da Conab no Paraná. "Da safra deste ano, pouco mais de 10% já foi comercializado, sendo que 25% ainda continua em pé porque as chuvas retardaram as colheitas", explicou. A safra brasileira deve, segundo a Conab, somar entre 5,3 a 6 milhões de toneladas neste ano, 2,8 milhões no Paraná.