Castro - Depois de consolidar os Campos Gerais como a bacia leiteira mais produtiva do país, com médias acima de 35 litros por animal ao dia, os pecuaristas da região tentam melhorar o valor nutritivo do leite. Para isso, aprimoram o manejo das vacas, investem em tecnologia e, mais recentemente, partem para opções como a vaca holandesa vermelha e branca. O animal ganhou status de estrela da Agroleite 2010, que começa hoje e segue até sábado no Parque Dario Macedo, em Castro, líder nacional no leite.
Todo ano, a feira, que está na décima edição, apresenta uma nova raça como atração. Em 2009, foi a girolando, cruzamento entre o gado holandês e o zebu gir. O animal é branco e preto e mostra-se adaptado a regiões tropicais. Agora é a vez das vacas vermelhas e brancas, que pertencem à própria raça holandesa e nascem assim graças ao controle das características genéticas dos animais reprodutores. Um gene recessivo é que determina essa coloração.
A vaca holandesa vermelha e branca até produz menos leite que a branca e preta, mas pode render mais se o critério for o teor de sólidos. A produção leiteira desse animal é mais pesada e apresenta maior valor nutritivo, características valorizadas na comercialização do produto. A diferença entre o preço do leite mais fraco e o do mais forte passa de 5% nos Campos Gerais. O desafio tem sido encontrar animais que, pela qualidade, compensem a redução na quantidade ordenhada.
A grande maioria dos animais da raça holandesa que tem predominância na pecuária leiteira nasce preta e branca. A pelagem vermelha e branca não chega a 20% do rebanho e vinha caindo ao longo dos anos. Não havia touros vermelhos e brancos comprovadamente bons para a produção de leite. E a vaca avermelhada mostrava-se arredia à monta do touro preto e branco. No entanto, com a identificação de touros pretos e brancos que possuem o gene recessivo da cor avermelhada, esse quadro passou a mudar. O cruzamento controlado permite tornar o rebanho leiteiro mais colorido, informa a Associação Brasileira Criadores de Bovinos da Raça Holandesa.
O animal também é mais resistente ao calor (o vermelho reflete mais a luz do que o preto). Isso significa menor gasto com o resfriamento dos estábulos. Sentindo-se mais confortáveis, as vacas leiteiras rendem mais.
Mais renda
A produção de leite com maior teor de sólidos vem sendo incentivada pela cooperativa Castrolanda como forma de agregação de valor ao produto. Esse leite rende mais ao pecuarista porque é o preferido pelas indústrias de alimentos como queijo e nata. O leite vendido nos supermercados da própria região de Castro normalmente vem de outras bacias leiteiras, de estados como Minas Gerais. Durante a Agroleite, uma competição deve identificar o maior teor de sólidos alcançado nas fazendas dos Campos Gerais.
"O leite é medido por algumas variantes, a presença de bactérias e células somáticas (quanto menos, melhor) e o teor de sólidos, ou seja, a quantidade de gordura, proteínas e lactose. Nesse último caso, quanto mais elementos sólidos, melhor a qualidade do leite", explica o médico veterinário e analista técnico do Departamento de Pecuária da cooperativa Castrolanda, Junio Fabiano dos Santos. Mais nutritivo, o leite pode fazer frente a outras alternativas alimentares, acrescenta. "Assim, o produto não corre o risco de perder espaço", pontua.
Para o gerente de negócios da cooperativa, Henrique Costales Junqueira, os maiores produtores de leite, tendo a sua capacidade de produção no limite de sua propriedade, buscam cada vez mais a eficiência. "A produtividade média dos nossos rebanhos oscila entre 30 e 35 litros de leite por vaca ao dia, enquanto a média nacional é de 6 litros", compara.
Os números dos produtores de Castro são equivalentes aos dos melhores rebanhos do mundo, espalhados em países como Canadá, Estados Unidos, México e Israel. "Há uma luta constante pela eficiência na produção, para fazer frente às constantes oscilações de preço, promovidas pela economia de mercado globalizado", afirma Junqueira.