Castro - A escassez de leite no mercado fez o preço disparar, mais ao consumidor que ao produtor. Um dos principais produtos da mesa do brasileiro já ultrapassou a barreira dos R$ 2 no varejo. A alta neste ano, segundo a Associação Paranaense de Supermercados (Apras), já é de 21%. No campo, o produtor experimenta uma elevação menor, de 10%, suficiente apenas para compensar as perdas dos últimos oito meses, período em que o setor trabalhou no vermelho.
Para entender a elevação no custo do litro do leite é preciso voltar ao ano passado, como explica o presidente do Conseleite e membro da Comissão de Produtores de Leite da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Ronei Volpi. O excesso de oferta em meados de agosto foi um chamariz para os supermercados, que venderam o litro do produto por até R$ 1.
A saída encontrada na maior bacia leiteira do Paraná, o município de Castro, nos Campos Gerais, foi reduzir a alimentação do rebanho e vender animais para o abate. A crise, conforme Volpi, perdurou até meados de abril deste ano, e o reflexo imediato foi a redução da oferta de leite.
O pecuarista Sandro Hey, de Castro, vendeu cerca de 200 vacas para frigoríficos e hoje mantém 320 animais em ordenha. "Antes eu vendia 17 mil litros e agora estou vendendo 11 mil litros", afirma. A produção no Pool de Leite ABC, que congrega pecuaristas ligados às cooperativas Castrolanda e Batavo, totalizando 640 mil litros de leite/dia, caiu entre 3% e 4% nos meses de crise, conforme o coordenador comercial de leite da Castrolanda, Rogério Marcus Wolf.
Clima
Volpi lembra que outros fatores ajudaram na elevação do preço. A estiagem na região Sul, seguida pelas geadas prematuras, a entressafra em Minas Gerais, maior produtor de leite do Brasil, e o aumento no consumo colaboraram para a redução do produto no varejo e, consequentemente, a alta nos preços.
Hoje os preços ao produtor estão cerca de 10% mais altos, mas ainda não há motivos para comemorar, diz o pecuarista Ronald Habbers. O pecuarista Sandro Hey afirma que ainda não é possível sentir um aumento na renda. "Para nós é interessante que o preço seja estável porque, de repente, com os preços em alta, vai começar a ter mais produtores e aí aumenta a oferta e o preço despenca de novo", analisa.
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