A Expedição Safra estima que dos 6 milhões de hectares de soja cultivados no Mato Grosso, o maior produtor nacional, 55% tenham sido cobertos com sementes transgênica. Quase 10 pontos porcentuais a menos que a cobertura registrada no Paraná, o segundo no ranking da soja. Como em outras regiões do país, o produtor do Mato Grosso também olha para os custos de produção antes de optar pela variedade transgênica ou convencional, diz Ana Amélia Tirloni, analista da cadeia de grãos do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). Mas outra explicação, destaca, está na forte influência do mercado, estabelecida a partir de um diferencial logístico. No caso, a exportação.
Para boa parte da soja produzida no Oeste de Mato Grosso, onde estão os municípios de Sapezal e Campos de Júlio, o canal de escoamento é o Porto de Itacoatiara, no Rio Amazonas. Fruto de uma parceria entre o grupo André Maggi e o governo do Amazonas, o terminal não recebe soja geneticamente modificada. O motivo é o mercado internacional. A produção que passa por Itacoatiara tem como destino clientes europeus que só compra o grão convencional. A região até tem lavouras transgênicas, mas nesse caso a produção precisa ser escoada pelo Porto de Santarém, no Pará.
Em seus 2 mil hectares de cultivo em Campos de Júlio, o produtor Admir Rostirolla planta somente soja convencional. Ele conta que a opção é pela facilidade no escoamento. "Se tiver que mandar para Santos (SP) ou Paranaguá (PR), são mais de 2,5 mil quilômetros. Plantando convencional, uso o modal hidroviário e minha soja percorre apenas 800 quilômetros de rodovia até Porto Velho (RO)." O grupo Scheffer, que tem sede em Sapezal, dedica apenas 23% da área de 42 mil hectares à soja transgênica. Para escoar a produção geneticamente modificada, tem uma parceria com a Cargill, via Santarém.
O Imea calcula que só 15% da área do Oeste do Mato Grosso, que participa com menos de 20% do total do estado, sejam de soja GM. Já no Sudoeste (24% da produção estadual), região dos municípios de Campo Verde e Primavera do Leste, a semente modificada tem presença mais expressiva, acima de 80% da área.
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