Mais de cem ganhadores do Prêmio Nobel assinaram uma carta em que pedem para que a ONU, governos de todo o mundo e os líderes da ONG Greenpeace parem de se opor ao uso de organismos geneticamente modificados na agricultura.
Segundo os cientistas, há oposição de várias organizações às técnicas agrícolas mais modernas. Com o Greenpeace na liderança, elas repetidamente teriam negado os benefícios da inovações biotecnológicas na agricultura. “Eles têm deturpado os riscos, benefícios e impactos, e apoiado a destruição criminosa de áreas de teste e de projetos de pesquisa”, diz a carta.
Eles pedem particularmente para que o Greenpeace desista da campanha contra o arroz dourado, projeto que visa reduzir os índices de deficiência de vitamina A em populações pobres a partir da ingestão do grão geneticamente modificado para produzir o nutriente.
Segundo estimativas da OMS, 250 milhões de pessoas sofrem dessa deficiência, 40% são crianças em países subdesenvolvidos. Até 2 milhões de mortes anualmente poderiam deixar de acontecer com a suplementação, segundo a Unicef. E até 500 mil casos de cegueira em crianças poderiam ser evitadas.
Os cientistas pedem aos governos que façam “tudo que estiver ao alcance para barrar as ações do Greenpeace e acelerar o acesso de fazendeiros às ferramentas da biologia moderna, especialmente a sementes melhoradas com biotecnologia”. “Toda oposição baseada em emoção e dogma desmentida por dados deve acabar.”
O final da carta faz um apelo mais emotivo: “Quantas crianças pobres terão de morrer para que consideremos isso [as ações do Greenpeace] um crime contra a humanidade?”
20 ANOS
Em resposta à carta dos nobelistas, Wilhelmina Pelegrina, ativista do Greenpeace, disse que a ninguém nunca impediu o cultivo do arroz dourado.
“O arroz ‘dourado’ falhou como solução e não está disponível para venda, mesmo após 20 anos de pesquisa [...] Não ficou demonstrado que o arroz é capaz de resolver a deficiência de vitamina A.”
“Empresa estão enchendo muito a bola do arroz ‘dourado’ para pavimentar o caminho para a aprovação global de outras culturas geneticamente modificadas. Esse custoso experimento [...] tirou a atenção do que realmente funciona. Melhor do que investir em um dispendioso exercício de relações públicas é resolver a desnutrição com uma dieta diversificada, com mais acesso à comida e à ecoagricultura.”
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