A participação da soja como matéria-prima para produção de biodiesel continua em alta e deve crescer mais nos próximos anos, de acordo com analistas e participantes deste mercado. O espaço da oleaginosa cresceu de 74% em fevereiro de 2009 para 85,58% em março de 2010, enquanto o do sebo bovino caiu de 19% para 11,17% no mesmo período, de acordo com dados da Agência Nacional de Petróleo Gás Natural e Biocombustível (ANP).
Para Amaryllis Romano, analista da Tendências Consultoria, o aumento da produção mundial da soja fez com que os preços caíssem, tornando maior a margem da soja em relação a outras matérias-primas para a indústria do biodiesel. "Este ano teremos uma safra recorde e isto vai afetar o preço da soja, aumentando a competitividade do óleo para produção de biodiesel", disse Amaryllis.
Um estudo da Scot Consultoria referente ao período de novembro de 2009 a abril de 2010 mostra que os preços da oleaginosa recuaram 24% no período analisado com expectativa de novas quedas. "Com isso, a participação da soja deve aumentar ainda mais", informa Hyberville Neto, da Scot. O óleo de algodão, a terceira principal matéria-prima utilizada no Brasil depois do óleo de soja e do sebo bovino, representou apenas 1,51% do total produzido no mês de março de 2010. O pico de utilização de algodão foi em torno de 5% em setembro de 2009.
"Teremos uma oferta de soja favorável e preços competitivos nos próximos três anos, pelo menos", acredita o presidente da Brasil Ecodiesel, Mauro Cerchiari. Para o executivo, a atual safra recorde de soja e o crescente consumo de farelo tornarão o óleo de soja mais competitivo. "O esmagamento da soja vai aumentar para atender a demanda por farelo e teremos uma boa oferta de óleo", estima. "A melhor competitividade da soja vai auxiliar o bom resultado da Brasil Ecodiesel no médio prazo", disse.
Nova usina
A Petrobrás Biocombustível inaugurou na sexta-feira sua primeira usina de biocombustível no Sul do Brasil, em Marialva, a cerca de 20 quilômetros de Maringá. A BSBios Marialva, cuja construção levou 150 dias e custou R$ 100 milhões, será administrada conjuntamente com a empresa BSBIOS, do Rio Grande do Sul, que já tem uma unidade em Passo Fundo-RS. A usina terá capacidade de produzir 127 milhões de litros do combustível por ano, o que representa cerca de 60% da demanda atual do estado, de 200 milhões de litros por ano. Além disso, deve gerar 120 empregos diretos.
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