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O agronegócio brasileiro entra em 2007 com boas perpectivas depois de um ano suado. 2006 foi um daqueles períodos em que não sobrou muito tempo para reclamar, mas que não vai deixar saudade. Teve colheita cerca de 5% maior que a do ano anterior, segundo a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, a CNA. A pecuária também trabalhou mais, com crescimento de 6% para o frango, 3% para o leite e 2% para os bovinos, calcula a organização. No entanto, com o real valorizado diante do dólar, o PIB agropecuário ficou 3,08% abaixo do de 2005 – diferença que equivale a R$ 4,72 bilhões.

O problema é que o setor já tinha arrecadado menos no ano passado. Segundo o mais recente relatório anual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE, 2005 teve redução de 14,2% no PIB agropecuário, uma diferença de R$ 13,6 bilhões. E o Paraná foi responsável por 29,4% dessa retração – R$ 4 bilhões.

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luiz Carlos Guedes Pinto, no entanto, tem uma avaliação positiva sobre o desempenho da agropecuária em 2006. Ao fazer um balanço anual na última semana, disse que o setor será responsável por 90% do saldo comercial do país, estimado em R$ 95 bilhões. Mais uma vez o Brasil se apóia no agronegócio, apesar de os produtores estarem entre os que menos recebem subsídios no mundo. O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues usa números da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) para ilustrar esse quadro. Segundo a OCDE, os subsídios correspondem a 3% do Produto Interno Bruto (PIB). Menor índice só foi identificado na Nova Zelândia (2%).

As contas de 2006 devem fechar abaixo das do ano passado por causa do câmbio, do clima e dos problemas sanitários. A crise da aftosa reduziu as exportações de carnes. A gripe aviária, concentrada na Ásia, amedrontou os consumidores e importadores de frango de todo o mundo. A seca limitou a produtividade de culturas como a soja. Se o câmbio fosse mais favorável, esses problemas não pesariam tanto no bolso do produtor, mas não foi o que aconteceu.

Exemplos dos altos e baixos da agropecuária estão na edição de hoje do Caminhos do Campo. A produção leiteira segue em crescimento. A segurança para a produção vem de uma certa estabilidade nos preços, alcançada após anos de discussões entre produtores e indústria. Em outro extremo, produtores de pêssego de Irati (Centro-Sul) perderam quase toda a colheita por causa da geada tardia. A situação da agropecuária só não foi pior por que a produção é bastante diversificada. E deve continuar assim em 2007, uma vez que previsões de clima favorável e câmbio estável não são garantias de lucro.

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