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Na última sexta-feira, o USDA (Departamento de Agricultura dos EUA) reduziu a estimativa para a safra norte-americana de soja de 81,9 milhões de toneladas para 79,7 milhões. A queda foi causada pela diminuição da produtividade. Nesta, que foi sua primeira estimativa com base na avaliação da nova safra, o órgão calculou um rendimento médio de 44,4 sacas de 60 kg/hectare, contra as 45,6 sacas da tendência desde maio. A redução resultaria em melhora da cotação em Chicago e seria uma boa notícia aos produtores do Brasil, não fosse o fato de a estimativa já ter saído defasada.

Os números do USDA foram calculados com base no que seus técnicos apuraram durante julho, quando importantes áreas produtoras sentiam o efeito de uma estiagem que se prolongava desde o início do plantio. Entre essas áreas, figuravam regiões de maior potencial produtivo de Iowa e Minnesota, estados que ocupam o primeiro e o terceiro posto no ranking dos maiores produtores de soja do país.

Não é de estranhar, portanto, que o USDA tenha estimado uma produtividade menor. O problema é que agosto começou com chuvas dignas de salvar qualquer lavoura. Essas chuvas vêm atingindo justamente as áreas mais secas, chegando combinadas a temperaturas altas, o que resulta em condições ideais de desenvolvimento para as plantas.

Como a safra dos EUA se define no decorrer de agosto, as previsões divulgadas no início do mês são pouco precisas. Tanto que, nas últimas 26 safras, o rendimento calculado em agosto ficou igual ou muito próximo ao obtido na colheita apenas em quatro ocasiões. Nos últimos cinco anos, a produtividade final ficou acima da estimada em agosto quatro vezes. No ano passado, bem acima: a diferença foi de 5 sacas por hectare na produtividade e de 8,8 milhões de toneladas na produção (veja tabela abaixo).

Prova de que a estimativa do USDA está subestimada são os rendimentos atribuídos aos principais estados produtores. Para Iowa, a produtividade é de apenas 50,4 sacas/hectare, contra 59,4 no ano passado. Para Illinois, que nesta safra conta com um regime de chuvas e temperaturas que beira a perfeição, o rendimento previsto também é de 50,4 sacas – menos que as 52,7 sacas de 2005, quando houve seca no estado. Quer dizer: na minha opinião, a projeção de agosto deve ser a mais baixa do ano. Isso significa que vem por aí mais um ano de preços baixos para o grão.

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