Produto rende lucro de R$ 7 mil por hectare no Paraná este ano| Foto: Osmar Nunes/gazeta Do Povo

Se o ano termina com bons preços para a maioria dos produtos agrícolas no Paraná, a mandioca vai além das expectativas. Uma quebra climática no Nordeste do Brasil – que concentra parcela expressiva da produção e do consumo da raiz – reduziu a oferta nacional para o menor patamar da última década e ao mesmo tempo incentivou um salto histórico no valor do produto. Em alta desde maio no Paraná, o preço médio da tonelada é recorde e ultrapassa os R$ 500 por tonelada. Mas há quem consiga vender até por mais de R$ 600.

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“O mercado já vinha favorável nos últimos quatro anos, mas a maior alta foi de junho até agora”, aponta Methodio Groxko, economista do Departamento de Economia Rural (Deral), ligado a Secretaria Estadual da Agricultura e do Abas­­tecimento (Seab). Ele explica que a escassez do produto direcionou a demanda para o Centro-Sul do Brasil. A valorização deve durar pelo menos até o primeiro semestre do ano que vem, quando a colheita nordestina começa a entrar no mercado.

O salto nos preços paranaenses mais que duplicou a rentabilidade dos produtores. Com a lucrativaidade atual em mais de R$ 7 mil por hectare, considerando custos totais de R$ 5,3 mil por hectare e receita de mais de R$ 12 mil por hectare, é possível não somente pagar as contas. Permite que os produtores deixem de ser arrendários e comprem terra. No ano passado, os lucros eram inferiores a R$ 3 mil por hectare.

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A valorização incentiva os produtores a antecipar a colheita da mandioca, mesmo que o rendimento seja menor. “A indústria está preferindo produzir menos [amido] a deixar o cliente sem produto”, detalha João Eduardo Pasquini, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam). Algumas empresas têm recorrido ao mercado externo, importando produto de qualidade inferior para pagar menos.

A Seab prevê aumento de 11% na área para 2013/14, chegando a 180 mil hectares.

Produtor aproveita momento para investir

Osmar Nunes, correspondente

Nas regiões da mandioca no Paraná, os produtores estão rindo à toa. Hoje, a lucratividade de dois hectares de mandioca é suficiente para comprar mais de um hectare de terra na região de Umuarama. “É o melhor preço da história”, avalia Ivo Pierin, agricultor e industrial em Paranavaí. Ele lembra que outros picos de preços já ocorreram, mas não havia oferta disponível. “O preço era bom, mas sempre ocorria na entressafra ou quando não tinha raiz. Agora, o preço é bom e tem produto”, comenta.

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Apostando na raiz há oito anos, o agricultor Vanderlei Terrassini aproveitou a alta de preços para investir em máquinas e no caminhão que usa para levar a mandioca até a indústria e se livrar do frete. Ele colheu 193 hectares nesta safra e pretende ampliar em 100 hectares a área no próximo ciclo. “Não sobrou dinheiro, mas paguei as contas e fiz investimentos.”, diz.

Ele conta que as usinas de cana têm elevado a disputa por terras na região, dificultando o aumento de área para a mandioca. Em média, um hectare vale R$ 8,4 mil na região.

Com a quebra no Nordeste, o Paraná tende a reduzir o volume destinado à fécula e triplicar a produção de farinha, para 300 mil toneladas.

 

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