A disparidade das cotações de soja e milho está levando a agricultura para uma aposta de risco: o plantio sucessivo da oleaginosa no verão e na safrinha, reprovado pelos técnicos que defendem a rotação de culturas. Essa tendência, dada como certa nas últimas semanas – durante o plantio da safra de verão – começa a ser dimensionada. A produtora de commodities agrícolas Vanguarda Agro estima que Mato Grosso vai plantar de 400 mil a 500 mil hectares de soja na “safrinha”, informou ontem o presidente da empresa, Arlindo Moura, em São Paulo.
Os números surgem antes mesmo do fechamento do plano de cultivo do milho de inverno, que tende a recuar, conforme o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea). No ciclo 2012/13, Mato Grosso praticamente não plantou soja na safrinha, dedicando 787,6 mil hectares ao cereal. A estimativa agora é de recuo de 15,7% no plantio de milho, a partir de janeiro, com sobra de área para a “soja de segunda”. “Quando o milho está com esse preço (R$ 12 por saca em Lucas do Rio Verde), a segunda (safra de soja, grão cotado a R$ 62/sc no mesmo município) é uma opção”, afirmou Moura. Uma saca de soja normalmente vale duas ou três sacas de milho, mas agora chega a cinco.
Dose dupla
6% de expansão na área anual de soja de Mato Grosso. Essa é a variação que 500 hectares de cultivo de inverno representariam. A cultura tem 8,3 milhões de hectares nesta safra de verão, área 5% maior que a de um ano atrás, conforme o Imea.