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Agricultura

MaToPiBa na linha de frente

Pulverização em larga escala usa mais avião do que trator no Piauí | Christian Rizzi/gazeta Do Povo
Pulverização em larga escala usa mais avião do que trator no Piauí (Foto: Christian Rizzi/gazeta Do Povo)
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Odair Biazussi: mais ritmo em Tocantins |

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Odair Biazussi: mais ritmo em Tocantins

Denner de Souza: expansão na Bahia. |

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Denner de Souza: expansão na Bahia.

O polo agrícola que envolve Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – conhecido como a nova fronteira do MaToPiBa – amplia suas lavouras e se impõe enquanto “quarto maior produtor” de grãos do Brasil. Com 4,5 milhões de hectares dedicados à soja e ao milho e uma colheita estimada em 14,4 milhões de toneladas, a região fica atrás apenas dos centros produtivos que correspondem aos estados de Mato Grosso (líder nacional em área em volume), Paraná (segundo colocado em volume e terceiro em área no verão) e Rio Grande do Sul (segundo colocado em área e terceiro e volume), apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo, em viagem de 6,5 mil quilômetros para a sondagem do plantio no Centro-Norte brasileiro.

O MaToPiBa é a região brasileira que mais amplia a produção de grãos graças à expansão combinada de soja e milho sobre pastagens e áreas de cerrado, num ano em que todos os demais estados ampliaram a área da oleaginosa mas reduziram a do cereal. A colheita da região representa 10% da produção nacional de soja, considerando que o país caminha para um recorde de 90 milhões de toneladas.

A disponibilidade de terras e a expectativa em torno de obras de infraestrutura valorizam as fazendas e ampliam a agricultura no MaToPiBa, aponta a analista Natália Orlovicin, economista da INTL FC Stone, que acompanhou a Expedição. Ela considera que a região ainda possui áreas planas e gigantes, que somam pelo menos 10 milhões de hectares e podem ser abertas sem desrespeito à legislação ambiental.

A decepção em relação ao uso da Ferrovia Norte-Sul para o embarque de grãos não impede o avanço da soja em Tocantins, onde a cana vinha ganhando espaço. Os embarques ferroviários ainda correspondem a menos de 1/3 da safra. Mais de 700 quilômetros de trilhos ainda não estão disponíveis ao agronegócio. “A capacidade de transbordo [para os trens] é pequena e funciona mal, e ainda não contamos com os armazéns em construção no Tegram [Terminal de Grãos do Maranhão, no Porto de Itaqui, em São Luís (MA)]”, afirma o presidente da cooperativa Coapa, em Pedro Afonso (TO), Ricardo Khouri.

Mas é no Tocantins que a abertura de áreas mais avança neste ano, conforme produtores e especialistas. A área plantada com soja é 17,3% maior que a de um ano atrás (confira no gráfico). “O estado tem o melhor clima da região, considerando o histórico dos últimos dez, vinte anos. E dispõe de áreas a bons preços em três regiões produtivas [centro-norte, centro, e centro-sul]”, avalia Cleomir Inácio Marx, gerente do grupo Ceagro, que planta 48,5 mil hectares em Tocantins, Maranhão e Piauí e 4,3 mil em Goiás.

Quem estava abrindo área está acelerando o passo, relata o gerente da fazenda Vereda, em Goiatins (GO), Odair José Biazussi. A principal aposta na propriedade é a soja, que passou de 3,5 mil para 4,3 mil hectares. “A soja está viabilizando a abertura.” A saca de 60 quilos vale até R$ 68 para entrega imediata, preço comparado aos dos mercados mais remuneradores do país, como o de Ponta Grossa (PR).

Mesmo depois de uma safra com forte quebra climática – que teve estrago só comparado ao de 2001/02 – , Maranhão, Piauí e Bahia também dão sequência a seus planos de expansão. No Piauí, onde há mais disponibilidade de áreas extensas, o cultivo de soja cresce 10,6% e o de milho avança 13,4% nesta temporada.

A expectativa é que o clima volte à normalidade e que os ataques de lagartas continuem sob controle, relata o produtor Leivandro Fritzen, de Gilbués (PI). Na fazenda Alvorada, a soja sustenta 8,6 mil hectares e o milho avança de 1,9 para 3 mil hectares, numa aposta no mercado regional do cereal. Os custos tendem a subir até 10%, dependendo do número de aplicações de inseticidas necessário ao controle da Helicoverpa armigera, o novo inimigo das lavouras.

Novas áreas sustentam índices melhores com novas tecnologias

Em ano de forte abertura de área, a produtividade média de uma região tende a cair. As terras novas, em vez de 50 a 60, prometem de 30 a 40 sacas de soja por hectare. Essa diferença, no entanto, é cada vez menor com o uso de novas tecnologias, que preparam melhor o solo e nutrem mais eficientemente as plantas, relatam os produtores do Centro-Norte.

Até as plantadeiras estão mais eficientes, aponta o técnico Odair Biazussi, da fazenda Vereda (Goiatins, TO). “Nas áreas consolidadas, a soja deve render 58 sacas por hectare neste ano. E nas áreas novas, perto de 40 ou até mais”, afirma o agricultor Denner de Souza, que cultiva 3,35 mil hectares (3,15 mil com soja e 200 com milho) na fazenda Pontal do Sul (Formosa do Rio Preto, BA). As duas fazendas estão em plena expansão.

No caso do milho, a abertura da área representa expansão na produtividade média dos estados da região. Isso porque, a ampliação ocorre em áreas consolidadas e com uso de alta tecnologia. As médias abaixo de 3 mil quilos por hectare ocorrem somente nas regiões onde o cereal é cultivado para subsistência.

Expedição Safra | 4:06

Soja faz nova fronteira agrícola crescerRegião de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – o MaToPiBa – espera colher mais de 9 milhões de toneladas da oleaginosa.

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