Feira de orgânicos em Canguçu (RS) com cobertura de lona em dia de chuva. Setor ainda está em estruturação.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

O mercado brasileiro de alimentos orgânicos está crescendo a taxas invejáveis que passam de 20% ao ano, conforme registros do projeto Organics Brasil. O índice foi de 25% em 2015 e agora deve passar de 30%. A expansão ganhou embalo há três anos, desde quando o país passou a colocar em prática regras que permitem ao consumidor distinguir os alimentos produzidos sem agrotóxicos de alimentos convencionais com selos nas embalagens.

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As taxas de crescimento registradas globalmente nos últimos no período são bem menores. Ficaram entre 5% e 11%, mostram dados da consultoria Organics Monitor. Ou seja, o mercado está crescendo em ritmo dobrado no Brasil, embora o país ainda represente menos de 1% da produção e do consumo.

O setor vem se estruturando mas ainda representa um “nicho”, analisa Ming Liu, coordenador executivo do Organics Brasil, que mobiliza as empresas exportadoras. Em sua avaliação, o crescimento do mercado, impulsionado pelos consumidores que buscam alimentos sem agrotóxicos ou mais sustentáveis, vem sendo limitado por esse processo, que exige organização da cadeia produtiva e do sistema de certificação.

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Entre os alimentos que devem ampliar o faturamento dos orgânicos em 2016 estão produtos lácteos e de origem animal, com maior valor agregado, detalha. Porém, mesmo o consumo global ainda é pequeno diante do faturamento geral do setor de alimentos, pontua. “O importante é saber que há um mercado e que este mercado vem crescendo, e a sua estruturação será determinada pela demanda, produção e disponibilidade dos produtos.”

Mesmo crescendo mais do que no exterior, o mercado brasileiro de orgânicos está longe de experimentar boom semelhante ao registrado após a regulamentação da produção nos Estados Unidos e na Europa, uma década e meia atrás. Para dar salto proporcional ao norte-americano, terá de atingir valor dez vezes maior que o atual, ou seja, crescer 1.000%, em uma década.

As projeções para 2016 reafirmam tendência de crescimento maior no Brasil. O mercado de orgânicos teria movimentado o equivalente a R$ 350 bilhões no mundo e R$ 2,5 bilhões no país (0,71%) – perto de US$ 80 bilhões e US$ 600 milhões, respectivamente. Se a previsão do Organics Brasil de crescimento entre 30% e 35% se concretizar, o faturamento brasileiro deve ultrapassar a marca de R$ 3 bilhões neste ano – um terço referente às exportações.

O setor se expandiu rapidamente em países ricos e agora passa a ser visto como mecanismo de desenvolvimento em regiões onde prevalecem unidades produtivas pequenas, como o Brasil. O apelo se fortalece desde 2014, quando as Nações Unidas passaram a destacar as vantagens socieconômicas da agricultura familiar. Até 30% mais valorizados, os orgânicos teriam condições de elevar a renda dos produtores.

Os saltos anuais têm ocorrido mesmo em épocas de crise. Em 2004, o setor movimentava US$ 29 bilhões, conforme a consultoria Organic Monitor. Dez anos depois, em 2013, o mercado foi estimado em US$ 72 bilhões, ou seja, duas vezes e meia maior.

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