Os produtores que comprometeram parte da produção de soja na hora da compra de insumos para a safra 2010/11 devem alcançar média de preço inferior neste ano. Essa medida se torna um bom negócio quando as cotações caem na colheita, mas não é o que vem ocorrendo. Os preços subiram e a diferença chega a R$ 15 por saca de soja.
Cerca de um terço do custo de produção refere-se à compra de insumos como sementes e adubo. Na hora de ir às compras, produtores como João Francisco, cooperado da Integrada em Londrina (Norte do Paraná), não usaram dinheiro. Travaram o preço de parte da produção em um valor considerado, na época, razoável. O compromisso assumido há cerca de seis meses o obriga a entregar parte da soja a R$ 35 a saca. Depois disso, já fechou contrato de venda antecipada a R$ 45. Atualmente, a cotação se aproxima de R$ 50.
Ele conta que já vendeu entre 40% e 50% da produção que deve colher em 290 hectares de soja. Continua vendendo antecipado na tentativa de fechar uma boa média. "Travei tanto assim porque lá em 2004, quando a soja foi a R$ 52, eu tinha certeza que ia chegar a 60 mas não chegou. Agora não quero arriscar tanto, vou fechando negócios a R$ 47 e esperando novas ofertas."
A Integrada facilita seu trabalho na comercialização. Francisco assina contrato dizendo que, quando a saca atingir determinado valor, quer vender certo número de sacas. No momento em que as cotações chegam ao patamar desejado, os técnicos apenas confirmam, por telefone, o negócio, que se assemelha a um contrato de opção.
Jaime Neitzke, que cultiva 82 hectares de soja e 40 de milho em Campo Mourão (Centro-Oeste do estado), espera produtividades de 3,6 mil quilos e 12 mil quilos por hectare, respectivamente, enquanto se mantém atento às cotações. "Vendi 25% da soja na troca por isumo, a R$ 36 a saca. Depois disso, comprometi mais 10% a R$ 46 reais", relata. Ele afirma que a venda antecipada pode não ser o melhor negócio, mas salva o produtor que não conta com recursos próprios ou do crédito agrícola oficial.