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Com o consumo em alta e os estoques mundiais em baixa, equação que se traduz em elevação de preços e liqüidez no mercado, os produtores de grãos do Paraná iniciam o plantio confiantes em um resultado positivo na safra 2007/08. O cenário de sustentação nas cotações das principais commodities agrícolas desperta disposição extra entre os agricultores, que estão prontos para cobrir todas as terras disponíveis para cultivo de milho e soja – mais de 6 milhões de hectares. No Oeste e Sudoeste, onde foi dada a largada do plantio, a Expedição Caminhos do Campo /Gazeta do Povo apurou que a expectativa de produção é uma das melhores dos últimos tempos.

As cotações superam, em dólar, os recordes de 2004. O valor pago pelo importador, em Paranaguá, che-gou a US$ 14/saca de milho (60 kg), ante US$ 8,2 de um ano atrás. Na soja, a elevação foi de US$ 16 para US$ 21. Quem recebeu R$ 52/saca de soja em 2004 hoje tem R$ 39. "O quadro é tão favorável que, mesmo com o problema do câmbio, vale a pena plantar", analisa Eugenio Stefanelo, doutor em Economia Rural e analista da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que participou da Expedição como palestrante, em Cascavel.

A única ameaça, mais uma vez, é a do clima. A estiagem, que atrasou o cultivo de milho, pode ser ainda mais severa com a previsão de ocorrência do La Niña, fenômeno que provoca precipitações e períodos se-cos de maneira desuniforme. Há dois meses a chuva é escassa e o plantio do milho está três semanas atrasado em municípios como Cascavel, To-ledo e Palotina. Mais ao sul, em Francisco Beltrão, quem já plantou pode ter de repetir a semeadura. Em Pato Branco, onde boa parte dos produtores conseguiu aproveitar as chuvas ocorridas entre 29 de agosto e 2.º de setembro, a estiagem começa a preocupar. Mas as previsões para esta semana são boas para a agricultura, apesar de não garantirem os 50 milímetros esperados pelos produtores.

O produtor João Cunha, de Cas-cavel, diz que terá de reduzir a área do milho e dar mais espaço à soja. Se houvesse umidade suficiente, já teria terminado de semear. "Apesar do zoneamento prever plantio de milho até outubro, a melhor época já passou." Ele pretendia plantar 730 hectares de soja, área que deve ampliar.

O atraso no plantio do milho pode prejudicar o desenvolvimento do ce-real. Caroline Cooper, agrônoma da Dekalb/Monsanto, em Cascavel, ex-plica que com 60 dias de semeadura a lavoura entra na fase de florescimento e precisa de umidade para não afetar a produtividade. A preocupação é com a possibilidade de seca em dezembro, com o La Niña.

Por isso, nem todos os produtores aguardam a chuva ideal. "Dá uma garoadinha, e o pessoal começa a plantar", afirma o presidente do Sindicato de Francisco Beltrão, Aryzonio de Araújo. A Família Cesari já plantou 40 dos 75 hectares reservados ao cereal. Parte das sementes que está há 20 dias na terra não germinou. Elas foram tratadas para re-sistir a um período maior sem umidade. "Ainda esperamos a mesma produção do ano passado, de 155 sa-cos/hectare", afirma Ademir Cesari.

O produtor Eucir Brocco, presidente do Sindicato de Pato Branco, plantou 200 hectares de milho logo depois das chuvas de 35 milímetros registradas no município há três semanas. Mesmo com risco de mais estiagem em dezembro, ele espera produzir igual ao ano passado – 170 sacos de milho e 60 de soja/hectare.

Diante das previsões de chuva, o agricultor Leocir Colussi, de Chopin-zinho, marcou data para o plantio do milho. Ele começa a semeadura de 22 hectares amanhã. Colussi conta que só não planta mais por falta de terra e de financiamento.

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