Mesmo com a queda na cotação do dólar para R$ 3, as empresas exportadoras de commodities devem manter as exportações no ano que vem. A avaliação é de José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil.
“Com o preço atual das commodities, as empresas que atuam nessa área (como minério de ferro, soja e açúcar) continuam a ser competitivas. A variação cambial vai influenciar apenas a rentabilidade das companhias. No caso dos manufaturados, o câmbio inibe a exportação, pois somos menos competitivos”, afirma Castro, para quem o patamar ideal do dólar é R$ 3,70.
O efeito da queda do dólar sobre as exportações brasileiras será sentido como um todo apenas em 2017. Como os contratos dos exportadores são, em geral, fechados com pelo menos seis meses de antecedência, o impacto para este ano será marginal, diz.
“Quem já fechou contrato já fechou e vai ter prejuízo. Mas muitos que ainda estavam pensando em fechar não vão fechar mais. Havia uma expectativa de que o dólar caísse este ano, mas não que caísse tão rápido”, afirma Castro.
O maior impacto será sobre os manufaturados, segmento em que o Brasil é menos competitivo e, por isso, tem no dólar alto um aliado. Mantido o patamar do dólar a R$ 3, a tendência é que as empresas do ramo voltem sua produção para o mercado interno.
Corrida do “ouro”
A queda da moeda americana já vem tirando o fôlego dos exportadores ou de quem desejava estrear nesse mercado. Segundo dados da AEB, em janeiro, quando o dólar estava a R$ 4, 507 empresas que nunca tinham vendido para fora do Brasil colocaram os pés no mercado internacional. No mês seguinte, mais 525 empresas ingressaram na lista.
A partir de março, o número de novas empresas na lista de exportadores caiu. Foram 300 naquele mês, até chegar a 40 em julho. Ainda assim, o ano de 2016 será melhor que o de 2015 para as exportações brasileiras. O número total de empresas exportadoras, entre novas e que já estavam no mercado, soma 18.543 nos primeiros sete meses deste ano. Mais que o todo o ano de 2015 (16.629).
O movimento das importadoras vai na contramão. Em janeiro, 3.508 empresas deixaram de importar. Em julho, com o dólar mais alto, 114 abandonaram a importação.