Após redução na estimativa de produção da safra 2011/12 dos Estados Unidos, os bancos Morgan Stanley e Rabobank soltaram notas afirmando que os preços internacionais do milho estão "cada vez mais propensos" a testar máximas históricas. Como o clima continua muito quente e seco em importantes regiões produtoras, as projeções tendem a ser reduzidas ainda mais nos próximos meses, diz o Rabobank. Para o Morgan Stanley, mesmo que não haja novas reduções na produção, os preços do milho precisarão subir para esfriar a demanda, como prevê o USDA, o Departamento de Agricultura do país.
Em pesquisa realizada na semana passada, o site Agriculture.com perguntou a produtores norte-americanos quanto o milho precisaria subir para inibir a demanda. 40% dos entrevistados consideram que cotações entre US$ 8 e US$ 9 fariam o trabalho. 13% afirmam que os preços precisariam se estabilizar entre US$ 9 e US$ 10. Para outros 7%, nem mesmo cotações acima de US$ 10 seriam suficientes para racionar o consumo. Para esses produtores, só mesmo milho a preço de soja poderia frear a demanda e salvar os EUA do desabastecimento.
"Se o milho sobe por algumas semanas e depois volta a cair, as empresas correm às compras. Foi isso que vimos no ano passado. Se as cotações permanecem altas por um tempo até o próximo verão ou, ao menos, até a primavera , só então haverá racionamento", observa um dos produtores.
O milho foi o mais prejudicado pelo verão quente nos EUA neste ano. A safra do cereal, que no mês passado era calculada em 342,2 milhões de toneladas, foi reduzida a 328 milhões (-4%). A soja, que tinha potencial para 87,8 milhões de toneladas, não deve render mais de 83,2 milhões (-5%).
Com isso, os estoques do país tendem a ser suficientes para suprir entre 18 (soja) e 20 (milho) dias de consumo. O quadro é parecido com o de 1995/96, quando o rendimento das lavouras também foi prejudicado pelo calor num ano de alta no consumo mundial.
Ruim para os EUA, bom para o Brasil, que ganha mais destaque no mercado. Segundo analistas, a quebra da safra norte-americana aumenta a responsabilidade do Hemisfério Sul. A tarefa de repor estoques e garantir o abastecimento mundial de soja e milho recai sobre o Brasil e a Argentina.
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