A chegada do milho transgênico às lavouras comerciais foi o principal foco do 12º Show Tecnológico da Fundação ABC, último ponto de parada da Expedição Safra após três semanas de viagens. Perto de 1,5 mil produtores conferiram canteiros cultivados numa área experimental entre Ponta Grossa e Carambeí. O interesse ilustra o que as cooperativas da região já previam: o cereal geneticamente modificado (GM) vai entrar mesmo em zonas que não plantam soja transgênica.
A cooperativa Capal, de Arapoti (entre os Campos Gerais e o Norte Pioneiro), que não recebe soja GM, prevê que não conseguirá deter o milho capaz de eliminar insetos. "Pelas próprias características da produção do milho, não poderemos dizer ao produtor que não vamos receber os grãos transgênicos como fazemos na soja", afirma o gerente comercial, Eliel Magalhães Leandro.
Ele considera que a possibilidade de contaminação no cereal é bem maior, uma vez que as plantas do cordão de isolamento obrigatório também podem interferir nas características genéticas de plantações vizinhas.
Na Batavo, de Carambeí (Campos Gerais), a aposta no milho Bt, que mata a lagarta-do-cartucho, não pode ser medida pelo interesse na soja transgênica. Dos 66 mil hectares que os 310 agricultores cooperados cultivam com a oleaginosa, apenas 20% são GM. Já o milho ocupa 44 mil hectares, mas somente três produtores plantaram variedades resistentes à lagarta do cartucho. Isso, explica Antônio Campos, gerente geral da cooperativa, porque não havia muita informação sobre regras de plantio, manejo e segregação. "Na próxima safra (verão) vamos plantar o máximo que for possível, o que tiver semente, perto de 100%", antecipa.
Na região de abrangência da cooperativa Lar, de Medianeira (Oeste), a procura pelo milho Bt é grande, mas poderia ser maior. Vitor Hugo Zanela, gerente técnico da cooperativa, estima que cerca de 20% da área de safrinha serão cultivados com sementes transgênicas.
Ele acredita que o milho Bt poderia ter espaço ainda maior na região se as propriedades não fosse tão pequenas. Dos mais de 8 mil cooperados da Lar, 71% têm até 30 hectares. "Como são propriedades pequenas, o risco de polinização cruzada é muito grande. O produtor que planta grãos GM pode, mesmo sem querer, contaminar a lavoura do vizinho. Além disso, a área de refúgio dificulta o manejo, principalmente em pequenas áreas", observa.
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