Uma década e meia atrás, o Brasil praticamente não exportava milho. O mercado do cereal era regido pela produção e pelo consumo interno. Os embarques cresceram aos poucos e atingiram pico de 26,6 milhões de toneladas em 2013. O salto, que foi alimentado por uma das maiores secas da história nos Estados Unidos, foi considerado um ponto fora da curva por analistas. “Na época, o setor apostava que os embarques se estabilizariam em cerca de 20 milhões de toneladas”, lembra o técnico da Conab no Paraná Eugênio Stefanelo.
No entanto, os números de 2015 mostram que aquele não era um teto para o país. As exportações chegaram a 28,9 milhões de toneladas de janeiro a dezembro, aponta relatório da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O volume representa aumento de 40% sobre as 20,7 milhões de toneladas de 2014.
Numa época em que as cotações em dólar vão ao chão, o milho sustenta preços rentáveis no Brasil (R$ 26 por saca no Paraná, 25% acima do registrado um ano atrás), graças à demanda interna e justamente ao envio de um volume crescente ao exterior. Com o real desvalorizado, o cereal brasileiro torna-se mais atraente do que se podia prever.
Na avaliação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) -- que trabalha com exportação de 28 milhões de toneladas em 2015/16 (fevereiro de 2015 a janeiro de 2016) --, os embarques recordes ajudam o país a enxugar parte dos estoques carregados da temporada anterior.
Segundo a estatal, as reservas nacionais do cereal, que um ano atrás somavam mais de 11 milhões de toneladas devem ser reduzidas a 7,6 milhões de toneladas neste ano. O técnicos consideram também a tendência de aumento no consumo interno, para produção de volume maior de carnes.
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