O cenário mostra uma oportunidade de lucro para os produtores das duas culturas, mesmo com expansão da área (em torno de 3% no milho e de 5% na soja) e da produção. Devido ao La Niña, a melhor estratégia para os produtores é escalonar as épocas de plantio, utilizar o seguro agrícola e fracionar a comercialização. Devido aos atuais preços, recomenda-se a venda antecipada de parcelas da futura produção de 2007/08, mediante contratos a termo ou operações de hedging em bolsa; liquidar os passivos decorrentes de frustrações de safras passadas antes de retomar os investimentos em ampliação; a formação de capital de giro próprio; e os olhos no mercado futuro.

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Milho

A produção mundial 2007/08 de 774,1 milhões de toneladas (t) supre o consumo de 769,6 milhões (t), mas mantém a relação estoque consumo total em 13,7%, a menor dos últimos 30 anos. O baixo estoque e o recente aumento da importação pela Europa provocaram elevação na cotação internacional do grão, do patamar de US$ 2,0 a US$ 2,7/bushel (25,4 kg) para US$ 3,2 a US$ 4,4/bushel, a partir de outubro de 2006.

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A produção brasileira 2006/07 de 51,1 milhões (t) atende ao consumo interno de 40,5 milhões (t) e ao aumento da exportação para 10 a 11 milhões (t), mantendo-se o estoque de passagem entre 5 a 6 milhões (t). Para o período 2007/08, o balanço de uso indica o consumo interno de 41,5 milhões (t) e, caso a exportação se mantenha em 10 milhões (t), a disponibilidade necessária atingiria 51,5 milhões (t).

O quadro exposto sinaliza a maior probabilidade de manutenção das cotações nos patamares entre US$ 3 a US$ 4/bushel (US$ 3,7/bushel para dezembro) que, apesar do câmbio abaixo de R$ 1,9 e os altos custos logísticos, garante rentabilidade positiva, considerando custo operacional de R$ 15 a R$ 17 a saca. Em Paranaguá o preço fica entre R$ 26 e R$ 26,50 a saca e permite o recebimento de R$ 19 a R$ 21 a saca pelos produtores, dependendo da região, durante a semana. Na BM&F o contrato para novembro fechou em R$ 27,50 (U$ 14,5), com baixa de 1,5%.

Soja

A produção mundial 2007/08 de 221,3 milhões (t) é inferior ao consumo de 233,9 milhões de toneladas, reduzindo a relação estoque/consumo para 21,5%. Este quadro provocou o aumento das cotações do grão na Bolsa de Chicago da média histórica de US$ 6/bushel (27,216 kg), com variação entre US$ 5 e US$ 7,4/bushel em 2005 e 2006, para US$ 6,5 a US$ 10/bushel em 2007.

O balanço 2006/07 de oferta e demanda brasileiro evidencia a produção de 58,4 milhões (t), dos quais 32,1 milhões são esmagadas internamente e 26,3 milhões exportadas. Para a safra 2007/08, o Brasil pode produzir entre 61 a 63 milhões (t) e manter as cotações acima de US$ 7,5/bushel. E se ocorrer uma frustração na produção sul-americana devido ao clima, os preços podem superar o pico alcançado em 2004, de US$ 10,5/bushel. Considerando a taxa de câmbio vigente, as despesas com logística e o custo operacional de produção de R$ 22 a R$ 26 a saca, fica assegurada a rentabilidade positiva. Na semana, os contratos atingem US$ 9,88/bushel para setembro, resultando em preço de R$ 42,5 a R$ 43 CIF Paranaguá no transferido (R$ 41 a uma semana), e R$ 34,2 a 38 (média R$ 34,9) a saca aos produtores, dependendo da região do estado.

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Eugenio Stefanelo, professor da UFPR e da Unifae e técnico da Conab.