A estiagem que afeta as regiões produtoras de soja e milho do Brasil nas últimas semanas teve impacto reduzido sobre a estimativa de colheita nacional de grãos, divulgada ontem pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em seu quinto levantamento, a estatal cortou 3,3 milhões de toneladas de sua projeção para a produção do país, que agora é calculada em 193,6 milhões de toneladas.
A queda foi provocada principalmente por uma expectativa de recuo na área, produtividade e produção da segunda safra de milho, colhida no inverno e que está em fase inicial de plantio. No ano passado, o produto rendeu mais de 46 milhões de toneladas – em 2014 deve ter produção 7,2% menor e totalizar 42,8 milhões de toneladas.
A Conab reconhece que ainda há um “forte grau de incerteza, motivado pelas alternativas que o mercado atualmente disponibiliza para avaliação do setor produtivo, coincidindo com o plantio, relacionado às elevações internas e externas das cotações do algodão, ao bom desempenho, tanto da produção, quanto da comercialização do trigo e por que não dizer, de um leve suporte apresentado recentemente pelo setor de milho”, diz um trecho do relatório.
TendênciaConsiderando as duas safras do cereal, a produção brasileira deve atingir 75,4 milhões de toneladas, 6,8% abaixo da atingida no ciclo anterior. O mercado vem trabalhando com números acima disso após a inversão da tendência de preço do grão. “O cenário é mais positivo que no ano passado. Quanto é difícil prever, mas com certeza a safrinha desse ano terá preços melhores”, aposta Glauco Monte, analista de mercado da INTL FC Stone. A expectativa de valorização do produto está sustentada basicamente numa redução na área plantada nos Estados Unidos e também no Brasil, que tendem a impulsionar as cotações na Bolsa de Chicago (CBOT).
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatítiscas (Ibge) também renovou suas apostas para a safra e trouxe ao mercado praticamente o mesmo número que o da Conab: 193,9 milhões de toneladas.
Na estimativa de colheita da soja houve redução de cerca de 290 mil toneladas em relação ao número divulgado em janeiro. Ainda assim, a oleaginosa deve superar a marca de 90 milhões de toneladas nesta temporada.
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