Plantar milho nunca foi uma atividade com rentabilidade satisfatória no Brasil. Primeiro porque é um produto que carrega pouco ou quase nenhum valor agregado. Segundo porque a produção mundial cresce acima da demanda já há alguns anos. Em consequência, aumentam os estoques e caem os preços. Lei da oferta e procura, em que as regras são determinadas pelo mercado.

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Internamente, um componente novo agrava a situação. Foi quando o Mato Grosso resolveu plantar milho de segunda safra. Em 10 anos, a área do cereal triplicou no estado. Nos últimos cinco anos, simplesmente dobrou, chegando a 3 milhões de hectares. Isso significa uma oferta adicional entre 7 e 8 milhões de toneladas. O milho entra como uma alternativa agronômica, para rotação ou então opção ao algodão safrinha, que perde milhares de hectares a cada ano.

O grande gargalo está no mo­­delo econômico de viabilização da cultura. Isso porque o Mato Grosso consome no máximo 20% do que produz, e o custo do frete versus a cotação do cereal inviabiliza negócios com outras regiões do país ou para a exportação. Contudo, o governo federal resolveu ajudar esses produtores, pagando um prêmio para o escoamento em leilões de PEP.

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O problema é que, para apoiar o Mato Grosso, ao subsidiar a comercialização em 2008/09, a Conab sacrificou o mercado do milho em todo o Brasil. O que já não estava bom ficou ainda pior. A oferta matogrossense, subsidiada, tirou ainda mais a competitividade de outras regiões, inclusive do Paraná.

Depois de muita reclamação, o governo resolveu contemplar mais expressivamente outros estados – numa proporção ainda questionável –, e regular melhor o fluxo interno do milho. Do volume autorizado para o próximo leilão, por exemplo, 600 mil toneladas são de Mato Grosso e outras 400 mil divididas entre cinco estados. E só será possível escoar para os dez estados mais distantes do Nordeste e do Norte.

É como bater e depois assoprar. Vai resolver? Não vai? A saída para o milho nacional não está nos leilões, mas na exportação. Tirar a produção de um estado para outro é como mudar o problema de lugar. Esse milho precisa ser embarcado para fora do país.