O milho Bt chegou legamente às lavouras brasileiras há apenas um ano, mas já ganhou terreno considerável no país. De uma safra para a outra, a área cultivada com o cereal transgênico cresceu sete vezes no Brasil. No Paraná, estado que planta 35% do milho verão brasileiro, a adesão dos produtores à nova tecnologia foi ainda maior: a área de plantio aumentou quase oito vezes neste verão.
Na temporada atual, o milho Bt cobre 39,5% dos 8,2 milhões de hectares cultivados no país neste ano. O Paraná registra índice ligeiramente superior ao nacional. O estado cultivou neste verão 1 milhão de hectares e o cereal transgêncico ocupa 41% dessa extensão. Os números são da Expedição Safra RPC.
No ciclo 2008/09, as sementes GM cobriram apenas 5% dos 9,3 milhões de hectares cultivados no país, conforme estimativa da Associação Brasileira dos Produtores de Sementes (Abrasem). No estado, 4% das lavouras de milho verão foram transgênicas, apurou a Expedição Safra. No último verão, o primeiro a incorporar legalmente a nova tecnologia, a adesão dos produtores ao milho Bt esbarrou na falta de sementes.
Na safra passada, durante o giro da Expedição pelo Paraná, era difícil encontrar lavouras transgênicas. Muitos produtores afirmavam não ter encontrado sementes. Outros diziam que preferiam esperar pelos primeiros resultados para depois decidir se iriam ou não investir na nova tecnologia. "Tem gente fazendo experimentos neste ano. Vou aguardar. Se der certo planto no ano que vem", disse o produtor Roberto Hasse à equipe da Expedição em outubro de 2008.
Um ano depois, em outubro de 2009, quando a equipe da Expedição voltou à propriedade de Hasse em Pato Branco (Sudoeste), encontrou 41 hectares de milho Bt, 80% da área do cereal do produtor. Neste ano, ele espera produtividade 50% maior, incremento creditado não só aos benefícios da transgenia, mas também à recuperação do rendimento após a seca do ciclo anterior.
Modesto Daga, produtor de grãos em Cascavel (Oeste), não quis esperar. Já na safra passada, dedicou 50% da sua área de milho ao cereal Bt. Gostou tanto do resultado que repetiu a dose neste ano. "A lagarta dá muito problema aqui na região porque o milho virou uma cultura permanente. Acaba emendando a safra de verão com a safrinha", justifica. No ano passado, as lavouras convencionais de Daga exigiram quatro aplicações de inseticida, contra apenas uma nas transgênicas. "Este ano teve gente que plantou milho convencional e já está na terceira ou quarta aplicação. No meu Bt ainda não fiz nenhuma", relata.