Com aumento na oferta de milho, produtores do MT esperam por apoio governamental para garantir vendas| Foto: Jonathan Campos / Gazeta Do Povo

O governo federal planeja lançar um novo leilão de prêmio para comercialização de milho em Mato Grosso, após forte demanda registrada na operação desta terça-feira (20), em uma região com grande oferta do produto e preços abaixo do mínimo, disse o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller.

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"Eu vou sentar hoje à tarde com os técnicos para fazer uma avaliação. Como teve uma disputa muito forte no Mato Grosso, é bem provável que a gente lance (anuncie) mais um esta semana", revelou Geller, em entrevista.

Os leilões normalmente são realizados cinco dias após o anúncio. Medidas de sustentação de preços estão sendo solicitadas por toda a cadeia produtiva de Mato Grosso --principal produtor de milho nesta época do ano--, num momento em que os preços estão baixos e os produtores, em geral, só vendem se contam com algum apoio do governo.

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O estado deverá contribuir com quase metade dos 45 milhões de toneladas de uma segunda safra de milho recorde no país em 2013.

O leilão de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) realizado nesta terça-feira (20), o quarto desta temporada, ofereceu apoio para 1,5 milhão de toneladas do cereal. Todo o volume ofertado em Mato Grosso (1,3 milhão de toneladas) foi arrematado. A demanda foi menor em Mato Grosso do Sul e Goiás, onde nem todos os contratos oferecidos foram arrematados.

"Mostra que lá (MS e GO) ainda, graças a Deus, o preço está acima do preço mínimo e não tem uma demanda (por leilões) muito forte. A demanda está mesmo em Mato Grosso", avaliou Geller.

O Pepro é um prêmio pago ao produtor rural ou à cooperativa, permitindo completar a diferença entre o preço obtido no mercado e o mínimo estabelecido pelo governo.

O mínimo em Mato Grosso é de R$13,02  por saca de 60 kg. Nas últimas semanas, a saca tem sido negociada entre R$9 e R$11 por saca no norte do estado, por exemplo, segundo levantamento de consultorias.

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O secretário não quis comentar volumes de milho a serem negociados no eventual leilão de Pepro dos próximos dias.

Além de um quinto leilão de Pepro, Neri Geller não descarta mais intervenções no mercado, embora seja cauteloso em fazer projeções.

"Dinheiro não falta. Tem orçamento para isso. Mas lógico que vamos segurar, se não precisar gastar", disse o secretário, que afirma estar avaliando constantemente as condições do mercado.

O Ministério da Agricultura gastou até agora R$ 264 milhões com os últimos quatro leilões de Pepro, mas tem disponíveis R$ 700 milhões para apoiar o mercado de milho.

"Tem muita demanda para outros leilões. A demanda do setor é muito grande... Tem bala na agulha para fazer."

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A avaliação do secretário é que até agora, o governo garantiu o preço mínimo para 7,4 milhões de toneladas da chamada "safrinha" de milho em Mato Grosso, Estado que tem absorvido praticamente todo o apoio concedido pelo governo.

Além de 4,84 milhões de toneladas contempladas nos leilões de Pepro no Estado, o governo também comprou pouco mais de 2 milhões de toneladas por meio de contrato de opção de venda e pouco mais de 300 mil toneladas em aquisições diretas (AGF).

Neri Geller também não descarta oferecer mais contratos de opção de venda para milho."Contrato de opção, o que tinha que fazer já fez, principalmente na região Centro-Oeste. Talvez a gente faça mais um pouco, mas num primeiro momento, não."

Nos cálculos do secretário, levando em conta uma segunda safra de 19,2 milhões de milho em Mato Grosso, restaria pouco menos de 12 milhões de toneladas "no mercado", sem intervenção nos preços.

"O milho que não foi comercializado antes, com contratos futuros, a maior parte dele realmente está abaixo do preço mínimo", avaliou o secretário.

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Segundo o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), os produtores do Estado de milho venderam 56,3 por cento da produção estimada para a safra 2012/13.

"Os produtores mato-grossenses de milho seguem aguardando leilões do governo como medidas para sustentar os preços do cereal, e assim garantir as negociações, que continuam lentas, apesar do avanço em julho", disse a entidade, ligada aos produtores, em boletim semanal.

Em julho, foram comercializados 2,43 milhões de toneladas de milho no Estado, sendo 95% destes negócios através dos leilões do governo, aponta o Imea.

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