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Ao todo, os mexicanos produziram nesta safra 26,8 milhões de toneladas do cereal, mas o consumo total (incluindo a indústria de carnes) deve girar em torno de 41,7 milhões de toneladas. | Daniel Caron/Gazeta do Povo
Ao todo, os mexicanos produziram nesta safra 26,8 milhões de toneladas do cereal, mas o consumo total (incluindo a indústria de carnes) deve girar em torno de 41,7 milhões de toneladas.| Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo

Você pode até achar que pimenta, “sombrero” e bigode resumem o que é ser mexicano, mas tem uma coisa que é ainda mais marcante para eles: o milho. Dos nachos às tortillas, dos tacos aos burritos, o cereal está em praticamente todos os pratos típicos do país, numa tradição que vem desde muito antes de Cristóvão Colombo sequer pensar em botar o pé nas Américas.

Já deu para notar, então, que, por lá, com milho não se brinca (e não se mexe). Exatamente o contrário do que tem acontecido desde que, do outro lado da fronteira, Donald Trump chegou à casa branca. Depois de prometer um muro separando os dois países, o presidente dos Estados Unidos passou a “atacar” o Nafta, o acordo de livre comércio entre as nações da América do Norte em vigor desde 1994.

A justificativa de Trump é que os termos do tratado estariam prejudicando os EUA, que, não por acaso, são praticamente os únicos fornecedores de milho para o México por causa do Nafta, com 98,7% de participação no total de importações do vizinho.

Ao todo, os mexicanos produziram nesta safra 26,8 milhões de toneladas do cereal, mas o consumo total (incluindo a indústria de carnes) deve girar em torno de 41,7 milhões de toneladas. Com cerca de 1,3 milhão de toneladas exportados, todo o restante é trazido quase que exclusivamente dos Estados Unidos. As informações são do Departamento de Agricultura dos EUA, o USDA.

Entretanto, conforme endurece a política de Trump, os mexicanos já começam a procurar novas fontes para saciar a fome de nachos, entre elas o Brasil. Hoje, eles ocupam a 14ª colocação na nossa pauta de exportações de milho, com 880 mil toneladas compradas nos últimos doze meses. É pouco, menos de 2% em relação ao volume total embarcado por nós. Mas muito se pensarmos que, no ano anterior, as exportações para o México tinham sido zero e, embora menor, a colheita norte-americana foi farta pelo segundo ano consecutivo. Isto é, esse movimento de “migração” não foi por falta de produto.

Contratempo

O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho), Alysson Paolinelli, esteve no México e afirma que aquele país está realmente interessado no cereal brasileiro. “Eles importam muito milho. Quando estive lá, o milho brasileiro custava apenas 10 centavos de dólar a mais do que o produto norte-americano. E o nosso milho tem qualidade, eles apreciam isso”, conta.

No entanto, embora o momento seja para lá de favorável, o Brasil sofre com as turbulências internas. O país está lidando com uma safra menor neste ano e a tabela do frete encarece significativamente os custos de operação. Em julho, o Brasil exportou 1,1 milhão de toneladas de milho, volume 40% abaixo do mesmo período do ano passado, quando enviou 2,3 milhões de t. “O milho brasileiro sofre com um problema sério de falta de interesse público. O preço mínimo não funciona. O seguro rural é um problema, o crédito rural é outro. Nós temos tudo para exportar, mas precisamos resolver nossos problemas internos”, defende o ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli.

Segundo o presidente da Abramilho, uma comitiva de mexicanos virá ao Brasil ainda em 2018 para conversar com entidades, empresas e cooperativas sobre a possibilidade de aumentar as exportações de milho brasileiro para o vizinho dos Estados Unidos.

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