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O cenário atual é bem diferente do de 2015, ano que o país atingiu o recorde de exportações de milho. | Hugo Harada/Gazeta do Povo
O cenário atual é bem diferente do de 2015, ano que o país atingiu o recorde de exportações de milho.| Foto: Hugo Harada/Gazeta do Povo

A valorização do milho pode ter chegado ao fim. Após forte aceleração nos preços internos nos últimos meses, principalmente pela oferta de produto e pela cotação competitiva, graças ao câmbio, o cereal brasileiro perde espaço no mercado internacional.

O milho chegou a R$ 49,91 à vista por saca na sexta-feira (1º) na região de Campinas. Caiu no primeiro dia desta semana para R$ 49,53 e esteve a R$ 49,43 nesta terça (5), segundo coleta do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Esse preço já começa a refletir a perda de competitividade do produto brasileiro no mercado externo.

Tomando como base o primeiro contrato de milho em Chicago e o câmbio atual, a saca do cereal brasileiro corresponde a um valor entre R$ 31 a R$ 32 na principal Bolsa de commodities do mundo.

Se considerado o preço do produto nos portos da Argentina, a saca seria de R$ 35 a R$ 36. Enquanto isso, no porto de Paranaguá a saca está próxima a R$ 45.

Os dados são de Lucilio Alves, pesquisador do Cepea. Na avaliação dele, a média do primeiro contrato em aberto do milho nas negociações na BM&FBovespa, Bolsa de negociações do mercado futuro no Brasil, supera em 50% a da CBOT, de Chicago.

O salto nos preços do milho no mercado interno colocou esse cereal com valores superiores aos de Chicago e da Argentina.

Chicago, por ser uma referência para o mercado internacional, sinaliza os preços do mercado externo. Já a vizinha Argentina, tradicional produtora de milho --e que deverá colher 25 milhões de toneladas--, será o primeiro mercado a fornecer produto ao Brasil enquanto continuar esse descasamento de preços internos com os externos.

Esse cenário atual é bem diferente do de 2015, ano que o país atingiu o recorde de exportações de milho. Há um ano, os preços de Paranaguá estavam 10% inferiores aos de Chicago e 20% abaixo dos da Argentina, segundo Alves.

O cenário poderá ficar ainda pior para os produtores e bem melhor para as indústrias. A cada sinal mais forte de queda do governo Dilma, o dólar cede. Se a moeda americana recuar para R$ 3, o milho brasileiro corresponderá a R$ 26 por saca em Chicago e a R$ 30 na Argentina.

O mercado vai se ajustar para baixo. Quem fez contrato de exportações para R$ 35 a R$ 36 por saca para agosto e setembro ainda terá ganho, mas os preços no porto de Paranaguá deverão recuar pelo menos R$ 10 por saca nos próximos meses, segundo avaliações do mercado.

Resta saber, ainda, o quanto esse mercado vai se ajustar à eventual supersafra norte-americana de 365 milhões de toneladas e à mudança de política de estoques da China, que poderá colocar mais produto no mercado.

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