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Se recursos forem cortados, número de leilões de milho prometidos pelo governo deve reduzir. | Roberto Custa³dio/ Jl
Se recursos forem cortados, número de leilões de milho prometidos pelo governo deve reduzir.| Foto: Roberto Custa³dio/ Jl
  • Preços do produto no Centro-Oeste continuam abaixo do preço mínimo no momento em que uma nova safra começa a ser plantada.

CONFIRA EM TEMPO REAL AS COTAÇÕES DO MILHO NO MERCADO INTERNACIONALO Brasil dá início à colheita da safrinha de milho de olho no mercado. Com as exportações em queda e parte da safra de verão ainda estocada nos armazéns, a oferta extra do cereal acentua a pressão sobre os preços, que estão em viés de baixa e começam a gerar demanda por uma intervenção. No Paraná e em Mato Grosso, líderes na produção nacional, o valor da saca (60 quilos) caiu a R$ 19 e R$13,50, respectivamente – níveis próximos ao mínimo definido pelo governo federal.

Nos dois maiores estados produtores do país a área caiu 8% em relação ao ano passado e deixou o mercado otimista no início do ciclo. “Havia uma expectativa de preços bons, porque a área de safrinha foi menor e ocorreram problemas climáticos na produção de verão”, contextualiza o analista de mercado da consultoria FCStone, Glauco Monte.

A oferta menor, contudo, foi rebatida pela queda nas vendas para o exterior, aponta Monte. “É preciso exportar pelo menos 20 milhões de toneladas para balancear o mercado e, neste momento, o nosso produto não está competitivo no mercado internacional”, frisa. Fatores como a taxa de câmbio mais baixa e o atual nível das cotações internacionais limitam as vendas brasileiras. De janeiro a maio, o país embarcou 5,2 milhões de toneladas de milho, 35% menos do que no mesmo período de 2013, indicam dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).

A queda nos preços poderia dar fôlego extra às exportações, mas o bom desempenho da safra dos Estados Unidos – maior produtor global do grão – aparece como outro obstáculo. O último relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura do país, o Usda, indicou potencial para 353 milhões de toneladas. “Os norte-americanos tendem a colher uma safra recorde e os compradores estão observando isso. Não há alento altista no curto prazo”, avalia o analista da Cerealpar, Steve Cachia.

Embora os preços baixos sejam positivos para segmentos que utilizam o produto como insumo, no campo o cenário é de preocupação. “Estou esperando para vender. A tendência é de queda e isso preocupa”, comenta o produtor Luciano Barsoto, de Cascavel (Oeste do Paraná), que cultiva 190 hectares do cereal.

Com 5% e 9,5% da safrinha colhida, Paraná e Mato Grosso ampliam oferta de milho no segundo semestre

No contraponto, quem se antecipou ao cenário atual não demonstra arrependimento. Em Corbélia, também no Oeste paranaense, o produtor Marcelo Krohling dedicou 200 hectares ao cereal e já vendeu 90% da produção a R$ 24 por saca. “O preço da saca já caiu a R$ 19 aqui na região”, compara.

Até o início da semana passada, o Paraná havia colhido 5% dos 1,9 milhão de hectares dedicado à segunda safra do cereal e, em Mato Grosso, as máquinas avançaram sobre 9,5% dos 3 milhões de hectares cultivados.

Governo promete apoio

O Ministério da Agri­­cul­­tura, Pecuária e Abas­­te­­ci­­mento (Mapa) já planeja subsidiar a comercialização do milho. Conforme o secretário de Política Agrícola do Mapa, Seneri Paludo, os primeiros leilões devem sair em agosto. “O anúncio pode sair em julho, mas será muito difícil implementar [os leilões] ainda neste mês”, aponta.

Segundo o Mapa, o apoio pode envolver desde contratos de opção de venda futura até aquisições diretas ou leilões de prêmios para estimular o escoamento do grão das regiões produtoras para áreas de consumo. Paludo indica que o Mapa ainda está avaliando o volume que será necessário apoiar e não há definição do volume de recursos a ser mobilizado.

A Confederação da Agri­­cultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que seria preciso subvencionar pelo menos 10 milhões de toneladas, volume similar ao da temporada passada, quando os preços ficaram abaixo do mínimo durante todo o período de safra.

Incerteza: Clima também vira ameaça no PR

Além dos preços mais baixos, os produtores de milho do Paraná monitoram o clima na reta final da safra. As chuvas que atrasaram a entrada das máquinas no campo nas últimas semanas também elevaram o índice de umidade nas lavouras, ameaçando a qualidade dos grãos. Já existem relatos de problemas como brotamento de espiga e ataques de fungos em lavouras do estado.

A técnica da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab) Juliana Yagushi explica que se trata de casos pontuais, e o impacto tende a ser menor do que na última safra. “Não é como no ano passado, quando os meses de maio e junho foram mais chuvosos e isso afetou a produção”, aponta.

As áreas mais ameaçadas são as que estão em fase de maturação (33%) do total. “O grão já está pronto, não há muito que fazer. A umidade elevada e o excesso de dias com pouca luminosidade favorece o aparecimento de doenças de final de ciclo”, detalha Juliana.

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