Para Atílio Malacarne, de Chopinzinho (Sudoeste do PR), produtor depende de preços sustentáveis para enfrentar oscilações climáticas.| Foto: Christian Rizzi / Gazeta Do Povo

No ano em que o Brasil assume a liderança nas exportações de milho, o país vive um dilema. O avanço na colheita de verão e a evolução no plantio da safra de inverno colocam o setor de sobreaviso. Depois de uma temporada de bons preços e espaço ampliado no mercado externo, o setor teme entrar numa fase de prejuízos com as mudanças nos fundamentos do mercado.

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As discussões estendem-se a médio e longo prazo e pedem medidas práticas. A Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abra­­milho) está reunindo a cadeia do cereal regionalmente para definir estratégias e busca envolver o governo federal nos debates.

O último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) confirma que a área do milho vai aumentar na safra de inverno. No verão, a produção, deve chegar a 35,8 milhões de toneladas, praticamente estável na comparação com o ciclo anterior, segundo a Expedição Safra Gazeta do Povo.

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Na safrinha de 2013, o salto é estimado em 4,6%, de 39,1 milhões no inverno 2012 para 40,9 milhões de toneladas. A previsão da Conab considera um aumento de 8,5% no plantio e um recuo de 3,6% na produtividade na safra que está sendo plantada. O cultivo de inverno no Brasil deve ocupar 8,2 milhões de hectares, 600 mil a mais do que há um ano.

Com o aumento na oferta, o mercado reduz as cotações. Em Mato Grosso, onde menos de 10% da área de inverno está por semear, a saca de 60 quilos caiu da casa de R$ 25 para R$ 18, conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea). O Paraná chega perto da metade do plantio e paga R$ 25 por saca, cerca de R$ 1 a menos do que em janeiro.

Otávio Celidonio, superintendente do Imea, destaca que para vendas futuras a cotação caiu abaixo do preço mínimo (R$ 17,46), a cifras de R$ 12 por saca. “Teremos problemas na comercialização, mesmo assim dificilmente [os produtores] vão diminuir a área plantada”, avalia.

Ele ressalva que nem tudo está definido. O desempenho da safra nos Estados Unidos será determinante, aponta. “Quem vai mandar nas cotações é a safra norte-americana. Se for cheia, o preço vai continuar caindo”, avalia.

Outro desafio para o milho no médio prazo é a concorrência por área com culturas de inverno que também estão rentáveis, como feijão e trigo. Técnicos da Secretaria da Agricultura do Paraná, a Seab, sustentam que neste ano o trigo deve recuperar área, ficando em “um intervalo de 780 mil a 1,09 milhão de hectares”. No caso do feijão, 229 mil hectares devem ser cultivados na segunda das três safras, aumento de 2% em relação ao último ciclo.

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Para encarar esse quadro, a Abramilho defende a agregação de valor como estratégia de crescimento sustentável. Na última semana, Alysson Paolinelli, presidente-executivo da instituição, reuniu-se com representantes de cooperativas paranaenses visando coletar as principais demandas do setor. O objetivo é buscar apoio do governo federal para a cadeia. “Não há nenhum país do mundo onde o milho progrediu sem o apoio do governo”, argumentou Paolinelli.

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