Preocupação: com uma safra cheia, os preços podem cair mais.| Foto: DIRCEU PORTUGAL/Gazeta do Povo

O plantio do milho safrinha já começou no Paraná, mas, diferente das máquinas, a comercialização anda bem devagar. O levantamento mais recente do Departamento de Economia Rural (Deral), da secretaria estadual de agricultura, aponta que apenas 1% dos 13,5 milhões de toneladas, estimados para a temporada 2016/17, foi vendido de forma antecipada .

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O número foi divulgado no último dia 23, mas, para o analista da Granopar, Miguel Biegai, mesmo depois de duas semanas, o índice, mesmo com otimismo, não chega a 10%.

“Nós não vemos negócios acontecendo há meses”, afirma. Biegai diz que a principal razão é o preço. “Houve uma alta no ano passado, o que gerou um descolamento. Para essa época do ano, a comercialização deveria estar em até 40%. Com a safra de soja antiga e a nova safra de verão, mais a safrinha desse jeito, podemos ter um problema de armazenagem”, acrescenta.

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Atualmente, nos contratos para setembro de 2017 pela BM&F, a saca de 60 kg de milho está na casa dos R$ 30. No ano passado, com a quebra climática da safra, o preço passou dos R$ 40/sc.

Safra cheia no Brasil

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima uma colheita de 56 milhões de toneladas, aumento de 37,7% em relação à temporada anterior, o que aumenta a preocupação com uma queda ainda maior nas cotações.

Pensando nisso, o produtor Fernando Orlando, de Rio Verde (GO), resolveu investir no milho pipoca para a safra de inverno. Na área de 2,45 mil hectares, ele vai destinar 720 ha para a cultura. “O pessoal foi todo para o milho safrinha”, comenta. “Hoje estamos falando da saca do milho pipoca em R$ 60 e a do safrinha em R$ 20. Então, mesmo se eu produzir só 70 sacas/ha de pipoca, vou ter muito mais lucro”, explica.

O Ministério da Agricultura (Mapa) estuda oferecer contratos de opção de venda para o milho, que podem chegar a 3 milhões de toneladas. A modalidade é como um seguro de preços, que dá ao produtor o direito - não a obrigação - de vender para o governo, numa data futura, a um preço previamente fixado.

Caso a cotação fique abaixo do mínimo (de R$ 16,50/sc a R$ 19,21/sc, dependendo da região), o governo pode garantir o preço do cereal por meio de compra direta.

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