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Empresário foi considerado o rei da soja nos anos 1990. | Reprodua§a£o / Internet
Empresário foi considerado o rei da soja nos anos 1990.| Foto: Reprodua§a£o / Internet

O empresário Olacyr de Moraes, 84 anos, morreu na madrugada desta terça-feira (16) no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, onde estava internado havia dois dias. Havia um ano e meio, o ‘rei da soja‘ —como era conhecido— vinha lutando contra um câncer de pâncreas. A morte foi informada na conta oficial do Facebook do empresário.

O corpo de Moraes será cremado ainda nesta terça no Cemitério Horto da Paz, em Itapecerica da Serra.

Olacyr de Moraes começou com uma pequena transportadora de pedras para a Prefeitura de São Paulo e se tornou um megaempresário.

Nascido em Itápolis, no interior de São Paulo, em 1931, Moraes se tonou um dos homens mais ricos do mundo nos anos 80 e 90, despontando como o mais jovem bilionário brasileiro a aparecer no ranking da Forbes.

Chegou a ter 50 mil hectares de plantação de grãos, principalmente nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, um império de 40 empresas que iam do setor de construção ao agropecuário. Seu patrimônio era avaliado em mais de US$ 1,2 bilhão.

A ministra da Agricultura, Kátia Abreu, divulgou nota na qual diz que o empresário deixa uma lição de empreendedorismo. "Construiu um império que lhe valeu o epíteto de Rei da Soja, até mesmo além de nossas fronteiras. Foi o maior produtor mundial e não se limitou à agricultura, investindo também em outras áreas, como a construção civil", disse a ministra. "Que sua capacidade produtiva, sua determinação e iniciativa, típicas de um Brasil realizador, volte a contagiar o país em benefício do nosso crescimento econômico."

História

Moraes se mudou aos oito anos para São Paulo. Aos 14, começou a trabalhar ajudando seu pai a vender máquinas de costura. Aos 19, abriu em parceria com seu irmão uma empresa de transporte de cargas.

Em 1957, os irmãos abririam a Construção e Transportes Constran Ltda, que prestava serviços para a Prefeitura de São Paulo. A empresa teve o capital aberto em 1971, quando passa a construir de pontes a usinas e os primeiros quilômetros do metrô da cidade.

Os lucros da construtora foram aplicados em outros ramos, como o bancário, com a criação do Banco Itamarati.

Em 1966, Moraes cria junto a um grupo de empresários a Orpeca S. A., voltada para a criação de gado no norte do Mato Grosso. Ela se aproveitava de incentivos fiscais da Sudam (Superintendência para o Desenvolvimento da Amazônia).

Em 1973, criou a Itamarati Agro Pecuária S. A., em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Ela contava com área de 50 mil hectares onde eram cultivados milho, arroz, trigo, algodão e soja, cultura que lhe daria o apelido de ‘rei da soja‘.

Em 1975, criou em Diamantino, a 300 km de Cuiabá, a Itamarati Norte S/A, em uma área de 110 mil hectares, onde passou a produzir milho, algodão e soja.

Em 1979, cria a Calcário Tangará, em Tangará da Serra, também no Mato Grosso, voltada para a exploração de calcário para a correção do solo. Em 1985, funda a Calcário Itamarati, em Bela Vista, no Mato Grosso do Sul.

A partir de 1980, em Nova Olímpia (MT), a 200 km de Cuiabá, Olacyr construiu a Usinas Itamarati S/A, voltada ao cultivo de cana-de-açúcar em 100 mil hectares.

Em 1986, Moraes cria a Itamarati Armazéns Gerais, voltada para armazenagem e a conservação de grãos no Mato Grosso e no Mato Grosso do Sul.

Também no município de Nova Olímpia, na região conhecida como Chapadão dos Parecis, que Olacyr inicia, em parceria com a Embrapa, a criação de uma nova variedade de algodão a ITA90, mais produtiva.

Controvérsia

Em abril do ano passado, Moraes voltou aos noticiários quando seu motorista, Miguel Garcia Ferreira, funcionário havia mais de 20 anos, matou o ex-senador boliviano Andres Fermin Guzmán, que ocupava o cargo de diretor internacional em uma das mineradoras do empresário.

O motorista deu três tiros no boliviano próximo ao Palácio dos Bandeirantes, no Morumbi, enquanto lhe dava uma carona. Em depoimento à polícia, Miguel Ferreira disse que estava cansado de ver o chefe ser achacado por Gusmán.

Segundo pessoas próximas, o boliviano se aproveitava do empresário ao prometer que o transformaria no rei do minério. Guzmán pedia empréstimos constantes a Olacyr alegando que precisava de verbas para que o negócio prosperasse. Ele estava com uma mala de dinheiro quando foi assassinado.

Nota oficial

A morte foi informada na conta oficial do Facebook de Moraes:

"É com profunda tristeza que comunicamos o falecimento do empresário Olacyr de Moraes, 84 anos, na manhã desta terça-feira, 16 de Junho de 2015, às 3:40 horas da manhã na cidade de São Paulo. Olacyr lutou bravamente contra um câncer de pâncreas descoberto no início de 2014 mas acabou sucumbindo à doença.

Olacyr de Moraes foi um dos maiores empreendedores do país, desbravador e visionário, apostou no potencial agrícola do centro-oeste brasileiro investindo na pesquisa e produção de grãos e algodão em uma época em que poucos acreditavam que o solo dessa região fosse receptivo à essas culturas.

O resultado de seu empenho fez com que ele ganhasse o apelido de 'O Rei da Soja' por se tornar o maior produtor mundial desse grão no mundo e ajudando a elevar o Brasil à posição de um dos maiores produtores agrícolas do planeta. Durante sua carreira chegou a ter mais de 40 empresas nos setores de construção civil, agrícola e exploração de minérios. Todos sentiremos muitas saudades."

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