Mesmo sob críticas do setor de sementes, Mato Grosso acaba de confirmar antecipação de um mês e meio no início do vazio sanitário da soja (que será de 1.º de maio a 15 de setembro) na comparação com o calendário dos outros estados produtores. A medida busca reforçar o controle da ferrugem asiática, provocada por um fungo que se perpetua nas plantações fora do ciclo de verão.
As alterações vêm sendo discutidas desde o ano passado e agora, com nova instrução normativa do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea), fica expressamente proibido o cultivo de soja sobre soja. Segundo o Ministério da Agricultura, a medida vem sendo discutida também em outros estados e mostra uma tendência nacional.
Somente 105 casos de ferrugem asiática tinham sido registrados até dezembro pelo sistema de alerta sob coordenação da Embrapa Soja. Em janeiro, houve 141. Ou seja, com o retorno das chuvas, os registros da doença dobraram rapidamente.
O estado mais afetado continua sendo o Paraná (82 casos), onde o vazio sanitário foi de 15 de junho a 15 de setembro, ou seja, 45 dias mais curto que o novo período estabelecido em Mato Grosso.
A Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso reagiu com nota informando que deveria ser permitido prazo especial a produtores de sementes. Somente no algodão será permitida a presença de soja por mais tempo, e só até 15 de maio.
A medida deve "trazer complicações para a produção de milho e feijão de segunda safra, uma vez que é muito difícil o controle de soja voluntária nestas culturas nesta data", acrescentou a Aprosoja-MT
Sobre o final do prazo, a entidade considera que deveriam ser estudadas exceções e estendido o limite até 30 de setembro. No Oeste do estado, o plantio tradicionalmente começa em meados de setembro. Atualmente a multa é de R$ 3,4 mil por hectare não destruído.
O Indea estabeleceu que, durante o vazio sanitário, "não será permitida a existência de plantas vivas de soja em áreas sob sistema de irrigação, em áreas de cultivo tradicional ou qualquer outra modalidade de cultivo, exceto os excepcionalmente autorizados". Os responsáveis ficam "obrigados" a eliminar "plantas vivas", “cultivadas” ou “guaxas”, seja em estradas ou mesmo próximas a armazéns.
45 dias a mais
Tradicionalmente, o Distrito Federal e oito estados adotam três meses de vazio sanitário: TO, RO, GO, MT, MS, SP, PR e MG, conforme o sistema de alerta. Todos a partir de 15 de junho ou 1º de julho. Maranhão, Bahia e Pará adotam dois meses, em épocas diferentes definidas pelos calendários agronômicos locais.
Mato Grosso passa em 2015/16 a quatro meses e meio. Isoladamente, a medida perde força. A adesão de estados vizinhos é considerada decisiva pelos técnicos.