Marialva Os produtores de uva de Marialva (a 10 km de Maringá, no Noroeste do estado) que colherem a fruta ainda verde para a comercialização, podem ter a mercadoria apreendida, perder os benefícios estaduais e municipais destinados à agricultura e ficar proibidos de buscar financiamentos em bancos. Essas medidas foram tomadas pelo prefeito, Humberto Amaro Feltrin (PMDB), que sancionou em setembro passado a Portaria 1.027/05. O objetivo é impedir que uvas azedas cheguem à mesa do consumidor. O município é o maior produtor de uva do estado.
"O ideal é 13 brix (graduação que identifica a quantidade de açúcar na uva). Os cachos cortados antes da hora apresentam geralmente 11 brix", diz Luiz Carlos Stefano, secretário de Agricultura e Meio Ambiente do município. Para fazer o controle, membros da Vigilância Sanitária e técnicos da Secretaria de Agricultura visitam armazéns que distribuem a fruta, medindo, com o refratrômetro, a quantidade de açúcar. O processo é parecido com o exame de diabetes: basta colocar algumas gotas do suco da fruta numa lâmina e visualizar o medidor interno, que acusa se a uva está doce ou azeda.
De acordo com o Stefano, alguns produtores estavam colhendo antes do prazo adequado, que é de 150 dias depois da última poda, acreditando que conseguiriam um preço melhor no mercado. "Isso é ilusão. A fruta azeda tem preço menor e prejudica os produtores que esperaram a hora certa para colher. Apesar de estar boa para o consumo, a fruta doce perde preço com a uva azeda no mercado." Entre novembro e dezembro, foram apreendidas 13 cargas de uvas, cada uma de um proprietário, que apresentaram grau de açúcar abaixo do recomendado. Isso corresponde a aproximadamente 6.500 quilos da fruta, jogados no aterro sanitário do município.
Além de manter o preço estável, a portaria tem como objetivo controlar a qualidade do produto. "Queremos que as pessoas sintam vontade de comprar uva. Por isso, temos de oferecer um bom produto", afirma Silvia Capelari, engenheira agrônoma da Emater (Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural).
Para Laércio Scarpanezi, diretor da Cooperativa Marialvense dos Fruticultores (Comafruti), que aprova a medida, a fiscalização permite a padronização da qualidade do produto. "A portaria já contribui para a melhoria de 90% da uva que está no mercado." Aurélio Bora Neto, produtor de uva, afirma também ser a favor da portaria. "Foi a melhor coisa que fizeram", diz.