Poucos produtores mantêm as contas da propriedade tão organizadas como Nestor Antônio Araldi, de Palotina. Numa compilação dos dados de 2001 a 2007, ele chegou à conclusão que os grãos, mesmo considerando as safras de preços recordes, rendem menos que a avicultura e a pecuária de leite, na relação entre lucro e capital investido. Com base nisso, ele observa as perspectivas desta safra de forma ponderada. "A expectativa para o milho e a soja é muito boa, mas outros setores estão num rumo melhor."
O plantio de 55 hectares de milho está 30 dias atrasado em sua propriedade por falta de umidade. Mesmo assim, espera que não haja quebra expressiva. "Enquanto chove bem em regiões próximas, aqui a água não chega a escorrer do telhado." Além do cereal, vai plantar 135 hectares de soja, metade com semente convencional e metade com transgênica. O plano é o mesmo do ano passado, quando a lavoura rendeu o equivalente a 5,94% do capital investido.
Araldi mantém ainda na Granja Qualytá 55 vacas leiteiras e dois aviários, que produzem 1,2 mil litros de leite por dia e 43 mil frangos a cada seis semanas. O rendimento dessas atividades foi menor que o dos grãos no ano passado: 1,04% e 3,06%, respectivamente. No entanto, no acumulado, a relação muda: 13,7 pontos para a lavoura, 15 pontos para a avicultura e 23 pontos para a pecuária nos últimos seis anos.
Ele se diz mais confiante na produção de leite e carne não só pelas previsões de estiagem em dezembro, justamente quando o milho deve estar florescendo. "O leite deve continuar com bons preços pelos próximos dois ou três anos e a carne não depende tanto do clima", considera. Em seus aviários, tudo é controlado, graças a equipamentos que permitem programar temperatura e luz, além da liberação de água e ração.
O gerente da CVale, Ronaldo Vendrame, afirma que o clima é menos favorável ao milho em Palotina, inclusive na comparação com Cascavel, que fica na mesma região. Mesmo assim, pela importância do produto na alimentação de aves e suínos, o cultivo é considerado essencial. (JR)
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