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Pela terceira safra consecutiva, o agronegócio brasileiro enfrenta sérios problemas de descapitalização e endividamento que afetam o desempenho do setor. Entre os vilões deste cenário se destacam os preços internacionais das commodities, a taxa de câmbio e a estiagem. A conseqüência é a perda de renda no campo, que num efeito cascata atinge o comércio, a prestação de serviços e a indústria.

Nos últimos três anos, estamos vendo desmoronar um investimento feito a partir do excelente resultado de três ou quatro safras anteriores ao início da crise. Vale lembrar do preço da saca de soja em 2003, que atingiu a cotação recorde de R$ 55. Apesar da especulação que tomou conta do mercado, foi um tempo em que o agricultor se capitalizou, as cooperativas investiram, a agroindústria se modernizou e muita gente ganhou dinheiro.

É claro que a crise de hoje é grave e atinge em cheio a agricultura. Mas, por outro lado, além dos prejuízos, também é certo que ela deixa um aprendizado: para crescer, é necessário investir, mas com segurança e sustentabilidade. Em palestra na Federação da Agricultura do Paraná (Faep), o consultor e economista José Roberto Mendonça de Barros dizia que não basta crescer, mas é preciso crescer e consolidar. Ele explicou que parte das dificuldades enfrentadas hoje pela agricultura tem origem em investimentos não consolidados.

Seduzido pela soja e pelo excelente resultado financeiro obtido em safras onde o clima e a conjuntura macro ajudaram, o produtor saiu comprando terras, máquinas e explorando novas fronteiras agrícolas. O jogo virou, veio a crise e o investimento que não foi consolidado fica comprometido. Contudo, ainda não perdemos a competitividade, mesmo na produção de grãos. O que está comprometida, e temporariamente, é a renda no campo.

Ainda vale lembrar que a crise não está generalizada. Atividades como açúcar e álcool, a borracha e até mesmo as carnes, apesar da aftosa e da gripe aviária, despontam como a redenção da lavoura. Rentáveis e com demanda mundial, são produções que encontram condições favoráveis e competitivas no Brasil.

No ano passado, o país cresceu 2,3 %, contra a estimativa do Fundo Monetário Internacional (FMI) de 4,3 % para a economia mundial. Os altos custos de produção e a falta de acesso ao crédito são apontados pelos especialistas como os principais entraves ao desenvolvimento. Condições reclamadas por todos os setores da produção, em especial do agronegócio, que responde por mais de 30% do PIB nacional.

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