Não vai faltar cafezinho na mesa do brasileiro em 2016. De acordo com a primeira estimativa da safra 2016 de café (espécies arábica e conilon), a produção brasileira deverá ficar entre 49,13 e 51,94 milhões de sacas de 60 quilos. Se considerada a média de produção (50,5 mi), esta pode ser a segunda maior safra da história, ficando atrás apenas da safra de 2012, que foi de 50,8 mi. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (20) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Consumo
Atualmente, 60% do café produzido no Brasil é exportado, um recorde histórico segundo Nathan Herszkowicz. No entanto, o brasileiro consome em média 20,5 milhões de sacas por ano. “Nunca se consumiu tanto café. O mercado doméstico está compatível, com a oferta e demanda equilibrada. Não há produção excedente”, afirma.
De acordo com a previsão, isso significa um acréscimo de 13,6% a 20,1% em relação à produção de 43,24 milhões de sacas obtidas na safra passada. Este é um ano de alta bienalidade para o café. A característica dessa cultura faz com que a planta obtenha melhores rendimentos em anos alternados, especialmente o café arábica.
Assim, esta primeira estimativa aponta um crescimento de 17,8% a 24,4% na produção de arábica, que abrange 76,5% do total de café produzido no país. Estima-se que sejam colhidas entre 37,74 e 39,87 mi sacas. O resultado deve-se principalmente ao aumento de 67,6 mil hectares da área em produção, à incorporação de novas áreas que se encontravam em formação e renovação e às condições climáticas mais favoráveis.
Já a produção do conilon, que representa 23,2% do total, é estimada entre 11,39 e 12,08 milhões de sacas, representando um crescimento entre 1,8 e 8% em relação à safra 2015. Esse resultado deve-se, sobretudo, à recuperação da produtividade nos estados do Espírito Santo, Bahia e em Rondônia, bem como ao maior uso de tecnologias.
Segundo o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria do Café, Nathan Herszkowicz, o avanço tecnológico no campo reduziu as diferenças entre as safras, aumentou a produtividade ano a ano. “A produção brasileiro está crescendo há 20 anos. Isso é resultado do melhoramento genético da planta, da tecnologia, das técnicas de fertilização”, diz.
Na avaliação do gerente de acompanhamento e avaliação de safras da Conab, Eledon Pereira de Oliveira, três fatores foram determinantes para o resultado atual: aumento da área de produção, alta bienalidade e um clima favorável. “No ano passado tivemos problemas com estiagem, que provou estresse na planta e prejudicou parte da produção”, explica.
Área
A área total plantada no país com café chegou a 2,25 milhões de hectares. Desse total, 271 mil ha (12,1%) estão em formação e 1,98 milhão ha (87,9%) em produção. A área plantada do café arábica soma 1,78 milhão de ha, o que corresponde a 79,2% da área existente com lavouras de café. Para a nova safra, estima-se um crescimento de 0,8% (13,4 mil ha). Minas Gerais concentra a maior área com a espécie (1,2 milhão ha), correspondendo a 67,8% da área ocupada com café arábica, em nível nacional.
Para o café conilon o levantamento indica redução de 2,9% na área estimada em 468,2 mil ha. Desse total, 430 mil ha estão em produção e 38,1 mil ha em formação. No estado do Espírito Santo está a maior área, 286,4 mil ha, seguido de Rondônia, com 94,6 mil ha e logo após a Bahia, com 48,6 mil ha.
Quanto à produtividade total, a estimativa situa-se entre 24,84 e 26,27 sacas por ha, equivalendo a um ganho de 10,4% a 16,8%, em relação à safra passada. Com exceção de Paraná, Rondônia e região da Zona da Mata mineira, todos os demais estados apresentam crescimento de produtividade.
De acordo com Eledon Pereira, a produção paranaense caiu muito nas últimas 4 décadas, desde que a geada devastou a produção local. “O Paraná chegou a ser o maior produtor de café do país, com 26,6 milhões de sacas”, conta. Nesta safra, o estado deve produzir 1,1 milhão de sacas, ocupando a quinta colocação no país.