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Nem espetinho de inseto nem Pato de Pequim: o chinês prefere porco

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Em cada dez quilos de carne da dieta chinesa, sete são de suíno, dois de ave e um de bovino. Para garantir o abastecimento interno é que o país se obriga a importar perto de 70 milhões de toneladas de soja e milho e produzir o máximo possível de grãos que consegue.

No maior consumidor de carne suína do mundo, cada habitante ingere 38,4 quilos do alimento por ano, mais que o dobro dos 15,1 quilos per capita do Brasil, conforme os números oficiais de 2011. De carne de ave, são 10 quilos, um quarto do consumo brasileiro. Bovino é alimento raro no cardápio, com apenas 4,1 quilos ao ano, volume que no Brasil é nove vezes maior.

O que determina o tamanho da demanda é a concentração de um em cada sete habitantes do planeta no país asiático. Das 100 milhões de toneladas de carne suína consumidas em todo o mundo, metade passa pelos pratos e hashis chineses. Com 73% de participação no cardápio, o alimento define em boa parte a cozinha do país.

Não haveria carne suficiente no mundo se a China tivesse cardápio parecido com o ocidental. "Os mercados são complementares", afirma o adido agrícola do Brasil, Esequiel Liuson, há dois anos na capital chinesa.

"Eles consomem muita cartilagem, miúdos, órgãos internos. No supermercado, a parte mais cara do frango é a asa. Vou direto à sessão do peito, onde sempre tem promoção." Meio quilo de asa de frango sai por R$ 6 em Beijing. A mesma porção de peito custa R$ 4.

Churrasco na China é prato especial para turista, servido em churrasqueiras de metal móveis montadas provisoriamente ao ar livre nos hotéis, que parecem carrinhos de algodão doce. Embora o sabor do prato receba elogio dos apreciadores estrangeiros, os chineses preferem língua, dobradinha, rabada.

Já o suíno é aproveitado integralmente, em porções próprias para o uso de varetas ou mesmo pastas que têm a carne, os miúdos e a gordura como ingredientes. A própria criação dos animais é uma tradição. Mais da metade do plantel sai de criadouros "caseiros".

O crescimento da produção comercial tem sido decisivo para a ampliação do consumo de grãos importados na ração. A suinocultura especializada ainda tem participação de apenas 25%, enquanto a avicultura atinge 75%.

A estratégia do país é justamente sistematizar a produção para ganhar produtividade e garantir o abastecimento interno. Conforme os relatórios do governo chinês, as criações de fundo de quintal vem perdendo peso. A indústria da proteína e o sistema de comercialização vêm se especializando continuamente.

Pratos como pássaros assados com cabeça são iguarias regionais no Nordeste, enquanto insetos, disponíveis aos turistas em Beijing, são mais comuns no Centro-Sul. "Pato laqueado é um dos pratos mais procurados pelos turistas", conta a estudante de comércio internacional Helen Chen, que acompanha grupos de visitantes estrangeiros em passagem pelos restaurantes de Beijing.

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