Na solenidade em que recebeu medalha de Mérito Universitário, concedida pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) na última sexta-feira (4), o difusor do plantio direto na palha e agricultor Manoel Henrique “Nonô” Pereira defendeu que o sistema continue sendo aperfeiçoado, para melhor aproveitamento do solo e conservação dos recursos naturais na produção de alimentos.
A tecnologia vem sendo adotada há quatro décadas, após testes e ajustes realizados no Paraná. Permite expansão no cultivo de grãos em todas as regiões do país e cobre 32 milhões de hectares, conforme a Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação.
Na avaliação de Nonô Pereira, ainda é possível ampliar a abrangência do sistema pelo Brasil afora e melhorar sua aplicação, que em muitas regiões estaria sendo simplificada. Além de preservar o solo, a prática evita erosão e problemas como o assoreamento dos rios.
Conhecido mundialmente pela defesa da produção sustentável, o agricultor inspira a criação do Centro de Excelência em Plantio Direto na UEPG, bem como a preservação dos registros históricos do sistema. A adoção do sistema marcou a mudança de uma agricultura que se deparava com solos degradados, na década de 70, para uma época de recordes na produção de grãos nos Campos Gerais.
Sem essa tecnologia, boa parte das terras da região seria considerada improdutiva. Em vez disso, atinge-se média de 9,9 mil quilos por hectare de milho e de 4,6 mil quilos por hectare de soja, entre as melhores do país – superando marcas dos Estados Unidos, o maior produtor mundial de grãos. As áreas de plantio direto não têm a palhada removida e podem ser usadas também na pecuária de corte ou de leite.
O apelo por mais pesquisas foi feito por Nonô Pereira em pronunciamento a estudantes, professores, pesquisadores e autoridades que lotaram o auditório do Observatório Astronômico da UEPG. Além da medalha Mérito Universitário, recebeu um diploma simbólico do curso de Agronomia. Estudantes entregaram ainda uma placa do Centro Acadêmico.
Vida e saúde
Ele também defendeu a agricultura como atividade solidária entre o homem do campo e a população que depende de produção cada vez maior de alimentos. “Sou filho de um agrônomo e encampei como profissão esse setor, que será a manutenção da existência e da vida”, afirmou. Frisou ainda importância da agronomia, da agricultura e do plantio direto na defesa da “saúde da terra”.
Manoel Henrique Pereira é considerado um dos pioneiros do plantio direto no Paraná, ao lado de Franke Dijkstra, também dos Campos Gerais, e Herbert Arnold Bartz, do Norte do estado. Eles testaram e adaptaram práticas que existiam apenas em países como Estados Unidos e Inglaterra.
32 milhões
de hectares de lavouras – perto da área total da soja – são cultivados sem remoção da palhada no Brasil, conforme estimativa da Federação Brasileira de Plantio Direto e Irrigação.
4 décadas
de evolução no plantio direto permitem a adequação das práticas desse sistema a solos arenosos, argilosos e mistos, o que ajuda a difundir a tecnologia conservacionista a todas as regiões do país.
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