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A colheita da safra de verão mal começou, mas os produtores já estão preocupados com a armazenagem da produção. A soja e o milho que saem da lavoura podem não encontrar espaço nos silos, que ainda estão lotados com grãos que sobraram da safra passada. Só o governo carrega 7,3 milhões de toneladas de milho, trigo, feijão e arroz. Os grãos foram comprados pela Companhia Nacional de Abastecimento no ano passado em operações de AGF (Aquisições do Governo Fede­ral), CDAF (Compra Direta da Agricultura Familiar) e contratos de opção de venda.

No Paraná, a Conab colocou em estoque 867 mil toneladas de grãos em 2009, volume superior à capacidade estática dos armazéns da estatal. Ao todo, são quatro unidades no estado – duas para produto ensacado, em Apucarana e Rolândia, e duas para granéis sólidos, em Ponta Grossa e Cambé –, que juntas comportam 600 mil toneladas. Segundo levantamento da companhia, não há mais espaço disponível em nenhuma das quatro unidades. Os armazéns de Apucarana e Rolândia estão lotados de café e feijão e os de Ponta Grossa e Cambé estão cheios de milho e trigo.

"Pode até ter espaço, mas está comprometido. Até porque a capacidade estática nunca é 100% utilizada. Um silo que tem trigo, por exemplo, não pode receber feijão. Não há um plano pré-estabelecido. A ocupação acontece conforme vai chegando o produto", afirma o superintendente regional da Conab no Paraná, Lafaete Jacomel. Ele explica que além dos estoques públicos, os armazéns estatais recebem também produtos privados, o que aumenta o deficit. Da capacidade total dos armazéns da estatal, 66% estão ocupados com estoques privados, "principalmente trigo", relata Jacomel. Apenas 34% dos grãos depositados nas quatro unidades de armazenamento da companhia são estoques públicos.

Para acomodar todo o estoque estatal, a Conab aluga espaço em armazéns privados, explica o superintendente. No Paraná, 761,3 mil toneladas de grãos do governo estão depositados em silos de terceiros. A maior parte desse volume (493 mil t, 65% do total) é milho, mas há também trigo (203 mil t, 27%) e feijão 65,3 mil t, 9%).

Para aliviar o déficit liberando espaço nos armazéns privados, a companhia está removendo estoques públicos dos polos de produção de grãos para centros de consumo. Segundo o coordenador geral de Cereais e Culturas Anuais da Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Sílvio Farnese, os grãos retirados do Paraná e dos estados do Centro-Oeste, onde a falta de armazéns é ainda maior, são enviados para o Rio Grande do Sul, Santa Catarina e ao Nordeste do país.

Mas, apesar dos esforços, esse será um nó difícil de desatar, considera Jacomel. "Os armazéns estão cheios de produto da safra passada. Estamos removendo esses grãos dos centros de produção, mas esse é um problema que não tem solução rápida. A armazenagem da nova safra pode ser complicada", alerta.

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