O ministro da agricultura, Blairo Maggi, participou nesta quinta-feira (1º) do Fórum Mais Milho, em Castro (PR). O evento teve a presença de mais de 300 pessoas e foi organizado pela primeira vez no Paraná, para debater os principais pontos da cadeia produtiva do cereal. Confira abaixo os principais pontos comentados por Maggi em conversa com jornalistas durante o Fórum.
Safra recorde, preços baixos
“Bem, esse é um problema bom de se resolver. Temos sim problemas de armazenagem e estocagem, mas nos últimos anos os produtores têm se antecipado na comercialização do milho. Hoje, entre o que está organizado para exportação e consumo interno, temos 70% da safra brasileira. O restante terá que se trabalhar agora, ampliar exportações, fazer estoques de passagem. Produzir bastante tem disso, o preço cai, você não tem muito onde colocar. E não é só no Brasil: Argentina e Estados Unidos também tiveram boas safras, de soja e milho, e isso deprimiu os preços, o produtor tem que conviver com isso”.
Evento
O Fórum Mais Milho ocorreu nesta quinta-feira (1º) e contou com a participação de mais de 300 pessoas, inclusive o Ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Pela primeira vez no Paraná, o evento foi realizado na Cooperativa Castrolanda, em Castro, e é organizado pela Associação Brasileira de Milho (Abramillho), com apoio de diversas outras entidades e cooperativas, como a também paranaense Frísia e a Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja).
Infraestrutura
“Nós reclamamos porque sempre queremos mais, mas, se fizermos um retrospecto dos últimos 40 anos, o Brasil cresceu muito na área de produção e infraestrutura. Ferrovias que não existiam, hoje já trafegam; hidrovias foram implementadas; rodovias, melhoradas. Mas queremos mais, é claro. Quanto mais, maior competitividade, maior competição, os preços dos fretes caem. Mas o Brasil já melhorou bastante. O governo tem um novo programa de concessão, esperamos que a iniciativa privada compre essa ideia, que é sempre dar aos investidores a garantia de que os contratos que eles têm serão cumpridos, o investidor deve saber como entrar no negócio, como ficar no negócio e, lá na frente, se ele quiser sair, como fazer isso com toda a segurança”.
Plano Safra
“O plano safra praticamente já é conhecido, os juros virão um pouco mais baixos, em torno de 1%, os valores em torno de 185 bilhões, serão um pouco maiores que no ano passado. Em alguns programas, tivemos que reduzir os anos de pagamento: alguns que eram para 15 anos baixaram para 12, para poder baixar os juros um pouco. O que acontece é que depois da aprovação da lei de teto [de gastos], em que a gente não pode gastar mais do que produziu, isso deu ao governo um tamanho de orçamento e o nosso setor também foi afetado. Esperamos que para o ano que vem a economia volte a crescer. Se a economia cresce, abre espaço e a gente pode avançar. Penso que esse é um ano um pouco difícil para a agricultura, os preços estarão mais baixos, mas os produtores ainda irão chegar bem ao ano que vem”.
PIB do Agro
“O agronegócio é a parte da economia que mais tem crescido nos últimos anos, sendo que esse crescimento [do PIB do agro] de 13,4% é basicamente o que perdemos no ano passado. São 30 milhões de toneladas de grãos que deixaram de existir por causa do clima. Obviamente, se a agricultura tem uma participação de 5% no PIB, o agronegócio passa de 25%. Quando você tem mais volume de mercadorias, são fretes maiores, mais consumo de combustível, de pneus, pessoas empregadas. Indiretamente a agricultura impulsiona a economia, porque tem um número maior de produção, até com preços menores que no ano passado. Se tivéssemos mantido os mesmo preços do mercado internacional do ano passado, com a produção que nós temos hoje, talvez esse crescimento fosse de 17%”.
Paraná agrícola
“O Paraná é um dos principais estados da federação na produção agrícola. O meu estado, o Mato Grosso, é um grande produtor de grãos, mas o Paraná consegue transformar os grãos em leite, aves, suínos. É um belo exemplo a ser seguido”.
Seguro Rural
“Nós contratamos até agora em torno de R$ 90 milhões, é isso o que o governo precisa colocar de recursos. E eu não tinha esse recurso até anteontem [30 de maio]. Depois uma conversa com o [Ministério do] Planejamento, nós conseguimos alocar esse recurso. Portanto, para o seguro contratado, nós temos recursos para honrar com a subvenção do governo. Faltam ainda em torno de R$ 300 milhões que eram programados. O Ministério da Agricultura não tem esse orçamento garantido, ontem pedi apoio à Frente Parlamentar na Câmara, eles já tiveram reuniões com o governo, que disse: existe um projeto de lei tramitando no Congresso sobre os depósitos judiciais, dos precatórios. Uma vez determinado o pagamento pela Justiça, o governo envia esse dinheiro e lá ele fica parado. Essa lei permite que o governo use parte desses recursos até que não haja o desembolso efetivo. Se conseguir passar o projeto - e aí é uma troca política - esses recursos viriam para atender o seguro rural”.
Cooperativismo
“Fiquei muito alegre de ver o que vi [na cooperativa Alegra], não só da parte de organização, mas a determinação do investimento, que não é pequeno. É uma planta supermoderna, que tem muito tempo pela frente para ser competitiva. Temos que ressaltar o caráter empreendedor das cooperativas, porque é um risco fazer um investimento grande desse. Eles estão com 50% da capacidade ocupada e precisam ampliar. Solicitaram ajuda na autorização de vendas para Rússia e China, dois grandes mercados para a carne suína. Vamos nos empenhar nisso. A Rússia se mostrou mais favorável e a China depende muito da vontade dele. Faz dois anos que o Brasil pede uma missão chinesa para ampliar frigoríficos [aptos à exportação] e não estão fazendo isso. Volto para China no dia 10 [de junho] e fico lá 12 dias. Vou levar isso para lá”.
Crise Política
“O Brasil é bem maior que as crises que a gente passa, tudo na vida é assim, só não tem solução para morte. Nos últimos 40 anos, o Brasil passou por várias crises, políticas, econômicas, tivemos dois impeachments nesse caminho, duas quebras monetárias. Falo isso para mostrar que durante essa história, o Brasil não rompeu nenhum contrato, não deixou de cumprir com seus compromissos internacionais. Essa é a mensagem que precisamos passar para fora e para dentro, que as confusões são grandes, mas vão se resolver. Amanhã ou depois tudo isso passa e a economia vai continuar crescendo, precisamos gerar todos esses empregos que perdemos nos últimos anos e são milhões de pessoas que esperam uma oportunidade de voltar a trabalhar. Esse é o desejo do presidente Temer, de nós políticos e de toda a sociedade”.
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