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O agronegócio brasileiro se prepara para uma semana decisiva. Em meio a discussões sobre endividamento e capacidade de pagamento do produtor rural, entre hoje e amanhã o governo federal anuncia o Plano Safra 2007/08. Como em anos anteriores, permanece a expectativa sobre o montante de recursos que será disponibilizado para custeio, as regras do seguro rural e política de preço mínimo. Mas desta vez é a discussão sobre a taxa de juro praticada na contratação de crédito agrícola que rouba a cena, pelo menos neste momento.

O debate é antigo. A diferença é que nos últimos dois meses, com a indicação do paranaense Reinhold Stephanes para a pasta da Agricultura, o tema ganhou prioridade. O setor produtivo pediu uma redução de quase 50% na taxa praticada atualmente, de 8,75%, que vigora há dez anos. O limite da negociação pela área econômica do governo nunca baixou da casa dos 7%. Entre os extremos, o ministro acabou por defender um juro intermediário, de 6,75%, com a implantação de alíquota diferenciada para o que ele chamou de média agricultura. Uma posição politicamente sensata a do ministro. Ao mesmo tempo em que não se distancia do porcentual colocado pelos técnicos da Fazenda, ele assume um discurso que agrada o setor produtivo, porque oferece resistência aos setores que insistem numa queda inferior a dois pontos.

Das condições apresentadas pelo governo, também depende a consolidação dos projetos de produção de etanol de cana (álcool) e de biodiesel de oelaginosas. A importância da agroenergia cresce à medida que culturas tradicionais como soja e milho tomam espaço como matéria-prima.

Não será nenhuma surpresa que parta do Ministério da Agricultura algum incentivo à produção de oleaginosas. Política nesse sentido existe no Ministério do Desenvolvimento Agrário, que concede benefícios fiscais a usinas de beneficiamento que adquirem matéria-prima da agricultura familiar. A estratégia, no entanto, oferece risco à demanda de 800 milhões de litros/ano criada pelo governo federal para cumprir a meta B2, com adição de 2% da mistura no diesel comum, a partir de 2008.

Pequenos agricultores de mamona, pinhão-manso ou nabo forrageiro, por exemplo, não tem escala para atender ao programa. Sobra então a soja, que apesar de ter volume, ainda não convenceu do ponto de vista econômico. Na edição de hoje, o Caminhos do Campo aborda justamente esse problema. Analistas falam das incertezas num momento em que o próprio ministro da Agricultura tenta rebater a eforia dos investidores.

O que os produtores esperam é a redução do peso do endividamento e a abertura de caminhos sólidos para o futuro da agricultura.

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