Beneficiado pelo clima, o Paraguai registra nova expansão da safra de soja, commodity que sustentou o crescimento de 14,5% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2010 o maior índice registrado no continente americano. As 8,1 milhões de toneladas que estão sendo colhidas são recordes e consolidam um levante capaz de mudar o perfil socioeconômico do país.
A cada 500 hectares plantados, os produtores estão arrecadando cerca de R$ 1 milhão, com rentabilidade que passa de 50% nas áreas mais produtivas, apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo. A equipe de técnicos e jornalistas percorreu 800 quilômetros em território paraguaio e encontrou o setor em clima de euforia, pela produção e pelos bons preços da commodity.
A ligação do presidente Fernando Lugo, eleito em 2008, com os movimentos sociais paraguaios não agravou o quadro de invasões de terras por campesinos como temiam os produtores de soja. O governo estaria dando mais atenção à população pobre um terço dos 6 milhões de habitantes. A onda de invasões anunciada para esta safra vem sendo controlada pelo governo, conforme o ABC Color, jornal de maior tiragem no Paraguai.
Os produtores e cooperativas querem aproveitar o bom momento para se capitalizar e ganhar legitimidade enquanto alicerce da economia. A Federação de Cooperativas de Produção (Fecoprod) defende que uma das saídas para o desenvolvimento é o fortalecimento do campo, onde se concentram os casos de extrema pobreza. "A expansão da atividade agrícola favorece os pequenos produtores, que são a maioria", argumenta a diretora-executiva da Fecoprod, Ruth Martínez.
A entidade representa 33 cooperativas agrícolas, que têm 18 mil associados. Mais da metade deles são produtores familiares, com menos de 50 hectares, e estariam melhorando de renda no embalo da cadeia da soja, em atividades como a produção de leite, carne e grãos. Eles plantam 300 mil hectares do grão, e colhem média de 3,5 mil quilos/ha, índice comparado às áreas mais produtivas dos Estados Unidos, Brasil e Argentina.
As próprias cooperativas estão cada vez mais fortes, afirma Ramón Gauto, coordenador de Desenvolvimento Rural. A Fecoprod acaba de inaugurar sede de US$ 1 milhão em Assunção.
O desafio do país é agregar valor à produção. O ministro da Agricultura, Enzo Cardozo Jiménez, sonda cooperativas agroindustriais do Paraná, como a Agrária, de Guarapuava, em busca de investidores. "Fomos ao país e avaliamos a situação. O interessante seria não só industrializar, mas também produzir", afirma Arnaldo Stock, diretor financeiro da Agrária.
Em boa medida, o levante da soja é puxado por brasileiros, que representam 60% dos produtores. E também por seus filhos, muitos deles nascidos no Paraguai. Aos 24 anos, o brasiguaio Fabiano Borges Bizugnin está entre os líderes em produtividade. Passou de 4 toneladas por hectare e planeja ampliar em 10% a lavoura de 500 hectares na próxima safra. "O clima do último ano foi perfeito", resume ele, agricultor desde a adolescência.
Quem quer se firmar na agricultura tem pressa em comprar novas áreas. As terras estão cada vez mais valorizadas no Paraguai. O hectare custa o equivalente a R$ 25 mil na região da soja, faixa leste do país. O valor se equipara ao do Oeste paranaense, região que concentra os solos mais produtivos do estado, compra o agrônomo Carlito Ganja, a Lar Paraguay.
Serviço:
Acompanhe a Expedição Safra no blog www.gazetadopovo.com.br/expedicaosafra. Nesta semana as equipes passam por SC, RS, MA e TO.
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