De um lado entra a ração, do outro sai o ovo. Cada vez mais automatizada, a indústria de ovos de galinha do Paraná assume nova estrutura, um ano após a crise que derrubou preços e fechou pequenas granjas. As empresas maiores ganham mercado, mas às custas de altos investimentos em máquinas para reduzir despesas.
Das cerca de cem granjas que operavam há cinco anos, perto de 70 suportaram a crise em 2008/09 e seguem ativas, conforme a Associação Paranaense de Avicultura (Apavi). "Umas 30 fecharam. Eram granjas pequenas e médias, que não conseguiram vender ovo abaixo do preço de custo. As maiores ampliaram suas atividades e estão fazendo a produção estadual crescer", afirma o presidente da entidade, Arnaldo Cortez.
Com criadouros de até 1 milhão de aves, o Paraná tem 10% do mercado nacional de ovos de galinha, atrás de Minas Gerais (13%) e de São Paulo (30%), conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que considera uma produção nacional de 2,3 bilhões de dúzias/ano. Em 2009, as granjas paranaenses teriam produzido 5% a mais que em 2008, enquanto São Paulo simplesmente manteve sua liderança e Minas recuou 10%. O estado produz o equivalente a 260 ovos de galinha por habitante ao ano, quase o dobro do consumo interno.
As granjas do Paraná estão ampliando também as exportações, na contramão da tendência nacional. As vendas externas caíram 10% e geraram receita 26% maior no país. Já os embarques do estado dobraram e rendem três vezes mais, considerando o primeiro trimestre, apurou o veterinário da Secretaria da Agricultura (Seab) Roberto de Andrade Silva.
Houve indústria que transformou ovos em farinha ampliando o prazo de validade da mercadoria para além de um ano na época de preços baixos. Agora vende a produção estocada por preços melhores. O setor relata que gastava R$ 35 para produzir uma caixa de ovos (30 dúzias) e recebia R$ 26 no auge da crise. Hoje os custos seguem na faixa de R$ 35 e os preços ao produtor vão de R$ 36 a R$ 40.
Na avaliação de Cortez, a produção ainda tem amplo espaço para crescer. O plantel de galinhas nas granjas de postura ligadas à Apavi concentradas na região Norte do estado chega a 6 milhões de poedeiras, com produção de 5,1 milhões de ovos por dia. A estratégia é reduzir a influência de atravessadores e formar cooperativas como as que fizeram a produção de frangos de corte deslanchar. Na cadeia da carne de frango, o Paraná é líder nacional.
"Vamos atuar de forma conjunta na venda da produção, no processamento e na compra de insumos", afirma o presidente da Apavi. O setor elaborou estatuto e agora define a logística de atuação de uma cooperativa formada por uma rede de granjas com ajuda da Universidade Estadual de Londrina (UEL).