Como consultor de recrutamento de executivos e professor em programas de formação pós-universitária, sou freqüentemente questionado sobre os atributos mais procurados pelas empresas de agronegócios quando desejam contratar um executivo. Minha vivência mostra que as empresas brasileiras e multinacionais do agronegócio buscam, para o sucesso neste mercado globalizado, algumas características fundamentais que abrangem muito mais do que apenas a experiência e a força de trabalho do executivo. Eles pedem, sobretudo, que o executivo pense e atue com "sentimento de coisa própria" acerca do negócio. Em outras palavras, desejam que o executivo atue como se realmente fosse o dono do seu negócio e estivesse no mercado por si próprio.
As organizações deste setor têm um posicionamento empresarial e estrutura de empreendimento familiar, onde todos atuam como "homens de negócios". Elas têm poucos níveis e hierarquias, e seus profissionais buscam estar o mais próximo possível dos clientes. O "empreendedorismo", apregoado como uma descoberta em vários segmentos empresariais, é um atributo antigo, essencial e freqüente no agronegócio.
Para pensar e agir como proprietário do negócio, é necessário ter um claro sentido do que é a gestão de um empreendimento, como um todo. Assim, mesmo que a função seja muito especializada e com limites bem determinados, o executivo de agronegócios deve ter como missão o sucesso comercial e a saúde financeira de sua empresa. Para isso, deve pensar em aspectos como, por exemplo: melhorar sua produtividade e a do seu time, otimizar seus custos como uma atividade contínua, buscar formas de melhor servir o cliente, inovar, fazer melhor que a concorrência, renovar sempre e aprender tudo o que puder sobre o seu negócio, as tendências, seus concorrentes e mercados.
O crescimento do agronegócio no Brasil e no mundo tem criado muitas oportunidades para os seus profissionais, permitindo ao executivo atuar com maior liberdade e espaço para crescer pessoal e empresarialmente. Alguns, no entanto, têm perdido esta corrida sem fim, preferindo permanecer em suas "zonas de conforto". Nada de errado com as zonas de conforto. O único problema é que a maior parte das oportunidades de crescimento e negócios está fora delas. Ou seja, para o profissional aumentar seus conhecimentos, habilidades executivas e negociais e a sua empregabilidade, é preciso correr riscos. Constantemente, as empresas buscam executivos que atuam com serenidade e firmeza frente ao risco.
Portanto, se você deseja crescer e construir sua carreira como executivo no agronegócio, precisa de coragem para assumir pessoalmente uma boa parte da responsabilidade pelo sucesso da empresa em que trabalha, indo sempre além dos limites estabelecidos em sua "antiga" descrição de função.
Francisco Isaac Ropero Ramirez é Consultor & Sócio da FESA Global Recruiters e Professor de Recursos Humanos do IBMEC São Paulo.