A colheita do milho safrinha começou numa época de instabilidade climática, mas com uma certeza no Paraná: as perdas provocadas pela falta de chuvas serão maiores que as previstas e devem elevar a quebra do ciclo 2008/09 para além das 3,5 milhões de toneladas de quebra na safra de verão, que ainda nem terminou de ser colhida. O volume representa 30% de todo o milho produzido no estado no ciclo 2008/09.
A má notícia vem de regiões como Jacarezinho (Norte Pioneiro), que deve colher menos de 2,9 toneladas por hectare, um terço a menos que de costume. No Oeste do Paraná, as cooperativas falam em perdas que vão de 6% a 40% em relação à média de 4 toneladas por hectare.
O quadro obrigou o Departamento de Economia Rural (Deral) a revisar seus números, que previam produção de 5,78 milhões de toneladas na safrinha, igual à do ano passado. Como a base de comparação é de uma safra considerada ruim, esse número já demonstrava perda. O que as regiões produtoras estão informando é que o prejuízo será ainda maior.
O gerente de assistência técnica da Coopavel (Cascavel, Oeste), Itacir Tosin, relata que, considerando a expectativa de 4,2 toneladas por hectare, as perdas serão de 6% na área de abrangência da cooperativa. Ele acredita que a região da Coopavel foi uma das menos atingidas pela seca na produção do safrinha. No verão, a quebra chegou a 32% na mesma cultura.
"A chuva chegou tarde. Mas, se não tivesse umidade, hoje as perdas poderiam chegar a 50% ou 60%", afirma o agrônomo Ronaldo Vendrame, da C. Vale (Palotina, Oeste). A cultura tem menos poder de recuperação do que a soja e, como as chuvas foram irregulares e isoladas, a produtividade varia de 2 a 4,2 toneladas por hectare em propriedades vizinhas do Oeste.
Com 3,5 milhões de toneladas de milho a menos, o Paraná já perdeu participação na produção nacional. No ciclo 2007/08, foi responsável por 26% da safra nacional. Agora, tem garantidos apenas 23%, com tendência de redução neste índice. A produção nacional também deve cair. Os números da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) que devem ser revisados depois das estatísticas do Deral antecipam redução de 58,33 milhões para 51,39 milhões de toneladas.