A segunda edição da série de reportagens do projeto Rumos da Safra faz um levantamento da área a ser cultivada com soja transgênica no Paraná. Além dos números sobre a intenção de plantio, o material procura desmistificar algumas questões técnicas sobre o cultivo de variedades geneticamente modificadas.
Apesar da soja Roundup Ready ter sido introduzida no Brasil há pelo menos cinco anos, pode-se dizer que está é a primeira safra transgênica legalmente constituída. A Lei de Biossegurança, que permitiu o cultivo e a comercialização da soja OGM, foi aprovada no início do ano passado mas regulamentada somente no final do ano. Até então, o plantio era um risco e a comercialização, incerta.
Com a instituição do marco legal, o resultado é um crescimento de quase 100% na área destinada a essas cultivares em várias regiões do país. Estima-se que dos mais de 20 milhões de hectares de soja plantados no Brasil, metade sejam de variedades transgênicas. É uma nova tecnologia, que apesar das discussões apaixonadas e oportunistas chega para disputar espaço com o grão convencional.
E quem vai decidir essa queda-de-braço não são os contra ou aqueles que estão a favor, mas a realidade técnica do produtor e necessidade do mercado. Enquanto existir convencional em abundância, os analistas acreditam que, exceções à parte, o preço deve ser similiar ao da soja OGM. À medida em que a commodity vai se deslocando para o transgênico, aí sim, forma-se um nicho de mercado convencional e começa a se estabelecer um diferencial de preço.
É certo que trata-se de um espaço limitado, pouco flexível, mas que já começa a pagar um prêmio pela soja convencional. Na última safra algumas tradings que operam no mercado internacional pagaram de US$ 5 a US$ 8 a mais por tonelada para a soja convencional. Os especialistas estimam que a demanda mundial desse mercado não seja maior que 10 milhões de toneladas.
Mas o fato concreto, é que mais de uma década depois de ter sido introduzida nos Estados Unidos e se espalhado rapidamente pelo principais países produtores, a soja transgênica finalmente está disponível ao produtor brasileiro. Se é uma opção boa ou ruim, quem decide agora é o agricultor, com base científica e agronômica, e não mais os ambientalistas, ou então o governador, como aconteceu no Paraná.