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Óleo de fritura usado vira ingrediente de furtos

Usina de produção de biodiesel nos Estados Unidos: ladrões “inovam” e vendem óleo vegetal para a produção do combustível | Arquivo/Gazeta do Povo
Usina de produção de biodiesel nos Estados Unidos: ladrões “inovam” e vendem óleo vegetal para a produção do combustível (Foto: Arquivo/Gazeta do Povo)

CHICAGO - Dois homens foram presos pela polícia no estado americano do Tennessee, após terem sido vistos roubando mais de uma tonelada de óleo de fritura usado de um restaurante. O material gorduroso foi posto em barris e transportado em um caminhão. Nas semanas anteriores, 44 roubos similares haviam sido denunciados.

Roubar óleo vegetal usado para preparar nuggets de frango e batata frita soa um pouco nojento. Mas há um mercado negro em crescimento para o material em um momento em que as refinarias dos EUA estão processando uma quantidade recorde de gordura para cumprir as exigências do governo em relação aos combustíveis renováveis.

No ano passado, 635.000 toneladas foram transformadas em biodiesel - ou 1.741 toneladas por dia.

A maioria dos restaurantes contrata gestores de resíduos para descartar o óleo. Mas a Associação Nacional de Renderizadores afirma que até US$ 75 milhões são desviados ilegalmente a cada ano e que boa parte disso termina nas refinarias.

Os preços de biocombustíveis estão subindo, o que aumenta o incentivo para os ladrões, que estão se tornando mais ousados e astutos. Com a chegada do clima mais quente da primavera boreal, os coletores licenciados estão se preparando para um número ainda maior de roubos.

“É como roubar dinheiro”, disse Sumit Majumdar, presidente da Buffalo Biodiesel, uma coletora com sede em Tonawanda, Nova York. “xiste um verdadeiro mercado para o óleo roubado. É quase como uma loja de penhores ou um ferro-velho”.

Encontrar valor em óleo velho não é novidade. Há mais de um século o resíduo vem sendo transformado em ingredientes de todo tipo, de maquiagens e tintas à ração para animais de estimação e gado, segundo a Associação Nacional de Renderizadores, que representa 51 empresas com 205 instalações nos EUA e no Canadá.

O que mudou é que uma quantidade maior de óleo de cozinha está sendo transformada em combustível. Atualmente, esta é a maior finalidade dada ao óleo velho, com cerca de 30% da demanda. Uma lei energética norte-americana de 2007 define que os carros, caminhões e ônibus americanos devem utilizar quantidades crescentes de biocombustível.

A maior parte é etanol baseado no milho usado na gasolina, mas as refinarias também estão produzindo mais biodiesel. O óleo de soja é a principal matéria-prima, seguido do óleo usado e do óleo de milho.

Neste ano, as empresas de petróleo precisarão usar 7,5 bilhões de litros de biodiesel, maior quantidade da história, segundo dados do governo dos Estados Unidos, contra 7,19 bilhões em 2016 - e quase nada uma década antes.

Esse crescimento da demanda afetou os preços. O valor de referência da chamada gordura amarela nesta semana estava em 25 centavos de dólar (unidade equivalente a 453 gramas), mais que o triplo do valor em abril de 2000, mostram dados do Departamento de Agricultura dos EUA. A commodity chegou a custar 47,75 centavos de dólar em 2011, quando o petróleo estava acima de US$ 100 o barril e o preço da gasolina nas bombas americanas estava em quase US$ 4 o galão (unidade equivalente a 3,78 litros).

A situação aumenta o incentivo para os ladrões, da Califórnia a Nova York, que já conseguem ganhar um bom dinheiro vendendo óleo queimado.

“Há muito roubo nesse mundo”, disse Daniel Oh, CEO da Renewable Energy Group, que tem sede em Ames, Iowa, EUA, e é uma das maiores produtoras de biodiesel do país. “Trata-se de uma commodity valiosa.”

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