Baixa Grande do Ribeiro (PI) - A comercialização de soja e milho do Centro-Norte do Brasil está se concentrando em um momento tipicamente calmo para os negócios no mercado doméstico: no segundo semestre. Nas últimas safras, os produtores dessa região tiveram oportunidades de preços semelhantes ou até melhores do que em praças do Sul e Centro-Oeste do país, apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo.
A estratégia é sustentada por indústrias granjeiras, que buscam as cargas direto nas fazendas dos produtores. "Do valor negociado abatemos apenas o ICMS, que não é baixo, de 12%, mas ainda assim vale a pena. Antes da soja bater em R$ 47 no Porto de Paranaguá (PR), eu já tinha a opção de vender aqui a esse preço", ressalta Leivandro Fritzen, agricultor da Serra do Quilombo, no Piauí.
Geralmente, ele carrega cerca de 70% da produção para vender no segundo semestre, mas por conta da reação dos grãos no cenário internacional, neste ciclo a comercialização antecipada de Fritzen está ligeiramente acima da média, assim como na Bahia, Maranhão e Tocantins: 35% da safra 2010/11 já está comprometidos. Os índices apontados pelos produtores entrevistados vão de encontro com os números referentes à comercialização levantados por consultorias brasileiras.
A decisão de levar maior parte da safra para comercializar nos últimos meses do ano, porém, requer planejamento e investimento, pois está atrelada à necessidade de caixa e também à capacidade de armazenagem de cada produtor.
Egon Milla, de Baixa Grande do Ribeiro (PI), está entre os poucos da região com condições de estocar toda a colheita. Considerado também um caso à parte quando o assunto é comercialização, Milla vende 90% de sua safra para uma trading. Mas isso se explica pela relação firmada entre o produtor e a empresa compradora, que se instalou a pouco mais de dois quilômetros da sede de sua fazenda numa área concedida gratuitamente.
"Essa região (Baixa Grande) é estratégica, pois existem grandes produtores e estava sem a presença de trading. Por isso considero que foi um bom negócio ceder a área para que a empresa se instalasse", avalia Milla.
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